Podemos dizer que ao vivermos em sociedade, convivemos com outras pessoas e devemos pensar e responder à pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do carácter moral de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas. Podemos dizer que Moral é o que limita o que é Bom ou mau e ética é o que é mais justo ou menos injusto, quando estamos diante de possíveis escolhas que vão afectar terceiros. A Ética varia no tempo no espaço e nas circunstâncias. O que era moral e eticamente correcto há uns séculos atrás pode já não o é hoje em dia. O que é moral e eticamente correcto para um ocidental pode já não o ser para um oriental. O que pode ser um comportamento abjecto numa circunstância normal, pode ser aceitável em circunstâncias especiais. (Exemplo: O canibalismo dos sobreviventes de um desastre aéreo nos Andes que sobreviveram graças ao facto de terem comido os mortos).
Desde há alguns anos atrás certa esquerda, que se diz herdeira do jacobinismo vem de vez em quando falar em “Ética Republicana”. Nunca percebi muito bem que espécie de ética é esta e como é que se diferencia da “Ética tradicional”.
Com Sócrates a “Ética”, republicana ou não, desapareceu do discurso oficial até há alguns meses atrás quando Mário Lino afirmou que “Ética é o que vem na lei”. Devido ao percurso ideológico de Lino, deduzo que para ele a "lei" se resume aos textos publicados pelo Diário da República e não a um conceito mais alargado de “Lei”, como por exemplo o Sermão da Montanha, a Torah, etc. Ou seja para Mário Lino para tornar um comportamento abjecto em comportamento ético basta emitir um despacho ou uma mera declaração de rectificação que altere a letra da lei.
Tudo isto não passaria de mais uma das inúmeras “Boutades” a que Lino nos vem habituando, se neste ínicio de ano não tivéssemos assistido in-loco de como se transforma um comportamento eticamente reprovável (Violação da lei por parte de quem tem a obrigação de a fazer cumprir) num comportamento ético e legal.
O Sr. António Nunes, cavaleiro da ordem da Colher de Pau e da Bola de Berlim, que ao fumar uma cigarrilha num recinto de espectáculos (nem sequer estava numa sala de jogo) violou a lei em vigor, de acordo com a qual, o organismo que dirige é o responsável pelo seu cumprimento.
Em vez de revelar uma postura”ética tradicional” (pedir desculpa e pagar a primeira multa desde a entrada em vigor da lei), António Nunes optou por revelar uma postura “Ética Republicana” ou melhor dizendo “Ética Só Cretina”, em primeiro lugar disse que não tinha a certeza que a lei se aplicava ao Casino. Como ninguém acreditou, António Nunes lembrou-se da frase do Ministro Lino e fala com o Director-Geral de Saúde para que ele (Que por atribuição legal dirige a interpretação da lei) "Eticalize" o seu abjecto comportamento da madrugada do dia 1.
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