29 de junho de 2005

O Embuste do Orçamento Continua

O Embuste do orçamento de estado não só continua como ainda se agrava!
As despesas com os gabinetes dos ministros da república dos Açores e Madeira, mantêm-se tal como estavam (diminuem 0.02%) mas o escândalo é com o gabinete do ministro da defesa, que aumenta em 11 755 121 €


Excerto do Mapa II da proposta do orçamento rectificativo ao orçamento de 2005
Até aqui, a responsabilidade pelos valores exorbitantes dos gabinetes dos ministros eram da responsabilidade do governo anterior e do presidente da república que obrigou à sua aprovação, mas a partir de agora o responsável tem um e um só nome – José Sócrates.
Acreditei, mas com pouca fé, que Sócrates na sua “cruzada” contra o deficit, fosse pôr cobro a este desperdício (estes gabinetes valem cerca de 0.3% do PIB), mas pelo que vejo a musica é a mesma de sempre, aumento de impostos para pagar o aumento das despesas.

Gráfico 1 - Dotações orçamentais (1997-2005) (Clique para aumentar)
O “monstro” das despesas com os gabinetes dos ministros da república das regiões autónomas começou com Guterres, passando de 75 milhões em 1997 para perto de 200 milhões em 2002 (Gráfico 1), com taxas de aumento de despesa de 30-35% (Gráfico 2), a partir de 2003 a taxa de crescimento manteve-se constante nos 3%.O caso do gabinete do ministro da defesa é diferente. As suas dotações orçamentais situaram-se à volta dos 100 milhões de euros entre 1998 e 2003, tendo aumentado cerca de 40% em 2004 para 145 milhões. No orçamento de 2005 (versão Bagão) o aumento foi mais moderado tendo-se cifrado em 10% (em relação a 2004). Mas ao que parece, José Sócrates achou a verba de 160 milhões insuficiente e propõe agora o seu aumento para 171 milhões, o que relativamente a 2004 representa um aumento de 18.5%

Gráfico 2 - Variação percentual das dotações orçamentais (Clique para aumentar)

Mas este é o procedimento de um governo que elegeu o combate ao deficit como a prioridade das prioridades?
Porque não podem estas 3 instituições receber uma dotação similar às outras (4 milhões de euros)?
Como é que o governo pode justificar que um gabinete de um ministro da república das regiões autónomas recebam, cada um, uma dotação orçamental QUINZE vezes superior à da presidência da república, órgão máximo da nossa soberania?
Mas porque é que sou eu, que já devo horas à cama, a fazer estas perguntas?
O que é que estão a fazer em São Bento, os 230 senhores que lá se sentam e dispõem de todos os dados?

NOTA 1:
Tentei saber hoje para onde vai este dinheiro através da consulta da Conta Geral do Estado de 2003 (A última disponível). O resultado foi pouco mais que nulo, apenas um seco valor de despesa de 194 397 149 € para o Ministro da República da Madeira e 203 037 203 € para o congénere dos Açores. Nada mais!
NOTA2:
Nos gráficos:
MR-RAM - Gabinete do Ministro da Republica Região Autónoma da Madeira
MR-RAA - Gabinete do Ministro da Republica Região Autónoma dos Açores
GMDF - Gabinete do Ministro da Defesa, Órgãos e Serviços Centrais

28 de junho de 2005

Lamúrias Lusitanas

A noticia do avião que em bateu no automóvel, gerou o coro de lamentações do costume:
"Isto só num país do terceiro mundo"
"Portugal no seu pior"
"Não passamos de um país atrasado"
"Só em Portugal é que isto acontece"
etc e tal
Os jornalistas alimentaram, e de que maneira, este coro de lamentações. No entanto esqueceram-se de fazer as perguntas pertinentes:
Porque é que o municipio de Espinho nunca construíu uma estrada, à volta da pista, nem colocou um mísero semáforo, em vêz das rotundas, fontes luminosas e outras obras desnecessárias, inauguradas à pressa dias antes das Eleições autárquicas?
Se os aviões do aeroclube do porto não necessitam do tamanho da pista para descolar e aterrissar, então porque é que ainda a podem utilizar em toda a sua extensão?

Enfim! É o que temos!

Já agora, desenganem-se aqueles que pensam que estas situações só existem em Portugal. Na civilizadíssima Grã-Bretanha, mais concretamente, no seu território de Gibraltar existe um aeroporto internacional atravessado por uma estrada. Os acidentes são evitados por um simples semáforo accionado pela torre de comando.

Fotos retiradas do Google Maps

Google Maps

O Google Maps é a nova coqueluche da Internet. Para quem goste de ver a paisagem a partir de fotos de satélite é o melhor que há. Até agora a definição que apresenta (Apenas parte de Portugal, por enquanto) só podia ser acedida através de compra no IGEOE. Com o Google a alta definição está ao alcance de um clique.
As fotografias de alta definição de Portugal foram tiradas em 2004 (Os estádios já estavam 100% concluídos), mas nem todas foram tiradas na mesma altura do ano, pelo que em certas zonas podemos ver um terreno nos tons pastel do verão, enquanto o terreno ao lado está viçosamente verde, indiciando uma foto tirada no Inverno/primavera

Clique na foto para aumentar

Mais espectacular é a região do Alqueva, onde se pode ver na mesma foto o antes e o depois.
Neste caso a foto de baixa definição foi tirada ainda decorriam as obras na Barragem, apresentando-se o rio Guadiana sem Albufeira. As fotos de Alta Definição foram tiradas em 2004, já com a Albufeira cheia

Clique na foto para aumentar

O Satélite apanhou também um incêndio na zona de Colares

Se analisarmos as fotos de Lisboa, poderemos ver a história do Urbanismo em Portugal, tal como fez, e muito bem, o Pedro Ornelas, no Céu sobre Lisboa (Falta Alfama, Pedro!), um Postal que vivamente recomendo e que mostra nem sempre progredimos no melhor sentido.

27 de junho de 2005

Mais Cartas Portuguesas

Actualizado o "Cartas Portuguesas" com uma nota sobre o primeiro governo de Bernardino MAchado

26 de junho de 2005

No Portugal Ignorado

Existe um Portugal que é sistematicamente ignorado pelos seres bem-pensantes do nosso pais, sempre atentos às novidades de Paris, mas desprezam completamente a verdadeira cultura de Portugal que anseiam por ocultar, comportando-se como parolos novos-ricos que escondem os seus humildes pais.

Durante o verão realizam-se em todo o ribatejo e Alentejo campetições de condução de jogos de cabrestos em que participam as principais herdades da região. Nesta corrida, cada jogo de 6 cabrestos é conduzido por 4 a 5 campinos através de vários obstáculos. É uma prova espectacular, que a sua proximidade do público a faz tornar emocionante.

Fotografias tiradas no passado Sábado na Picaria de Benavente.

A ÉGUA DE TRÓIA

Sejamos sinceros, o PS arrisca-se a levar um banho nas eleições autárquicas de Lisboa, não basta o descontentamento com o fim do estado de graça do governo, como o menino filósofo ainda se esforça por cavar mais fundo a sua sepultura politica. Sem uma candidatura à direita, Carmona Rodrigues arriscava-se a passear em Outubro próximo.
A única hipótese que o PS tem de eleger o seu menino-filósofo seria a existência de uma candidatura que disputasse a faixa de eleitorado de Carmona Rodrigues.
Se não existe, arranja-se! O CDS/PP, a quem Carmona quer retirar os tachos autárquicos, dispôs-se a fazer o frete de emprestar a sigla. Como era necessário um candidato que pudesse enganar os incautos, toca de arranjar a aguerrida Zézinha Nogueira Pinto, que é de direita e até tem um marido fascista, mas meteu o fascismo no saco e entrou na jogada.
A candidatura da Zézinha até tem mais uma benesse para as hostes socialistas, liberta o apetecido tacho da provedoria da Santa Casa, tacho esse, a que se perfilam vários galos e galinhas parlamentares, que logo começaram a cantar.

Ah, como seria interessante conhecer os detalhes do negócio da saída da Zézinha da Santa Casa!

O PS, no entanto, bem poderia ser mais comedido no seu apoio à Zézinha. Sim porque colocar uma das maiores eminências pardas do Partido, Maria Antónia Pala, a primeira e maior apoiante da causa do aborto livre e gratuito aos abraços e beijos à primeira e maior apoiante dos movimentos pela vida tem muito que se lhe diga. O contraste não poderia ser mais gritante e até pela rádio as palavras de Maria Antónia Pala exalavam um forte cheiro a sapo apodrecido.

25 de junho de 2005

Neverland

«E as coisas? Como vão as coisas? As coisas estão malparadas. O que quer dizer, exatamente, a Coisa? Não é a vida em geral. A Vida é tudo o que tu tocas e que te toca. Já a Coisa é outra coisa.»

Quando na segunda metade de 2003 comecei a explorar o universo blogoesférico e apesar de ter sempre embirrado com Peter Pan (Sempre preferi o capitão Gancho e o desastrado Barrica), o Terras do Nunca foi o primeiro blog a entrar para a lista dos favoritos, de onde nunca mais saiu.
Hoje o Terras do Nunca faz dois anos. Dois anos de palavras escritas de um blog que resite estóicamente à tentação da imagem.

Parabéns João Morgado

I'm like that black crow
up there flying
in a blue sky
Joni Mitchell - Black Crow

24 de junho de 2005

23 de junho de 2005

FABULOSO!!!

Indubitávelmente o melhor e mais original Blog de Portugal e quiçá do mundo!!!

WEBCEDÁRIO

As diabruras do Menino-Filósofo

Nas últimas semanas, foram um verdadeiro desastre para a candidatura à câmara de Lisboa do de Manuel Maria Carrilho. As gaffes nos “Outdoors” foram tantas, a troca do castelo com o Bairro Alto, as Bandeiras a Meia-Haste, o símbolo do Skip, a poupa e a maquilhagem do menino-filósofo.
"Aquele sujeito da foto, está tão maquilhado e o cabelo está tão artificialmente arranjado que de certeza esconde alguma coisa menos boa” – Afirmação de um cliente Alemão, que nunca tinha vindo a Portugal.

Na televisão não melhorou o Panorama, achando que uma campanha eleitoral se pode fazer com métodos da Nova Gente, vai de por a vender, o até então tão protegido e escondido, Diniz Maria segurado pela sua telegénica e morena, mas burra, esposa.
Na imprensa escrita foi um forrobodó – O menino-filósofo diz que tem mais de 38 000 caracteres de ideias e sobre o seu adversário, Carmona Rodrigues, aplicou uma opinião, típica de um palerma que aparece nas fotos da CARAS sobre aqueles que lá não aparecem – Sonso e Indigente.

O PS está à beira de um ataque de nervos, o eleitorado de esquerda está a ser disputado por mais duas candidaturas, bastante mais sérias que a sua, e dentro das suas fileiras já se goza abertamente com Carrilho.

No entanto o Filósofo-de-nome joga uma cartada Brilhante – Uma segunda candidatura Socialista, disfarçada de candidatura da direita.
Não é bem um Cavalo de Tróia, na realidade é uma Égua de Tróia.

Rainha Isabel II presta contas aos seus súbditos

A Casa Real de Windsor apresentou ontem o relatório de contas referente ao periodo de 1 de Abril de 2004 a 31 de Março de 2005. Tal como no ano anterior, as despesas com dinheiros públicos da Casa Real Britânica chega à justa para que um dos nossos ministros da República (Açores ou Madeira) se governe durante um mísero trimestre.

Voltarei ao assunto após análise do relatório de contas (da Casa Real Britânica).
Infelizmente não posso fazer a mesma coisa relativamente aos ministros da república, pois em Portugal não existem Súbditos, apenas vulgares cidadãos de uma República que espera apenas que eles comam e se calem

22 de junho de 2005

O Regresso das "Cartas Portuguesas"

Após dois meses e picos de paragem recomecei a publicação das "Cartas Portuguesas - 1ª Republica por correspondência"

21 de junho de 2005

OFERTA GRÁTIS

Tenho disponíveis 50 caixas de correio electrónico GMAIL, com 2 Gigas cada uma.

Quem estiver interessado é favor enviar um mail para novafloresta@gmail.com

Nota: No caso de os pedidos superarem as caixas disponíveis, terão precedência os comentadores (quase) residentes deste Blog

De onde vem tanta gente?

Desde ontem à tarde que o meu blog regista uma duplicação do número de visitantes. No entanto nem o Sitemeter, nem o Technorati indica de onde elas são originárias. Como não acredito que tenha ocorrido uma súbita lembrança aos meus leitores, originada por métodos parapsicológicos, agradecia onde foi feita referência a este humilde blog.

20 de junho de 2005

Os "Casos" Freeport I

Apesar de o Manuel ter tido a mesma dúvida que eu, eu pergunto na mesma.

Se está a decorrer uma investigação sobre quebra do segredo de justiça em que já foi constítuído um arguido, presume-se que existam fortes indícios que tal violação ocorreu.

Mas por outro lado, se houve violação do segredo de justiça, então é porque existe mesmo um caso Freeport que envolve Sócrates e cuja investigação está a decorrer, ou decorreu até à posse do actual governo.

Não é necessário bisbilhotar os papeis da Judiciária, para ter suspeitas que algo pouco comum aconteceu no Freeport, basta uma simples análise estatística.

Continua ...

18 de junho de 2005

Imagens do Passado

A fotografia foi tirada nos anos 70 do século XIX e representa um convento demolido pouco depois para dar lugar à construção de uma mercado.
O mercado foi demolido há cerca de 40 anos e no seu lugar foi construído um edifício com elevado desenvolvimento vertical, ainda hoje existente. Este edifício é considerado uma mancha tão grande na cidade que, na própria página net do município onde aparece uma vista geral da cidade, ele foi cirurgicamente extraído.

Qual o nome do convento da foto, hoje desaparecido?
Em que cidade de Portugal estava situado?
Como se chama o edificio que hoje se encontra no seu lugar?

As serpentes mostram-se

A serpente negra
Sampaio vai à Cova da Moura, debita um dos seus discursos em que fala de tolerância e mostrou-se contra o aumento da repressão.
Com um discursos deste, quem é criminoso esfrega as mãos de contente, acabou de receber um cheque em branco.

A serpente branca
Praticamente à mesma hora, a extrema-direita reune-se no Martim Moniz na maior manifestação que há memória, não integrando directamente a manifestação algumas centenas de transeuntes, que concerteza acompanharam Cunhal na passada Quarta-Feira, acompanham a manifestação de longe, satisfeitos com o facto de pelo menos hoje, os negros terem quase desaparecido da baixa e achando os manifestantes muito ordeiros.

Os organizadores parecem satisfeitos, com a ajuda da esquerda, sabem com segurança que agora, o futuro é de crescimento das sua hostes

Chocando o Ovo da Serpente

A reacção da esquerda portuguesa ao arrastão da semana passada em Carcavelos é em tudo semelhante à de Alberto João Jardim ao tomar banho em Porto Santo um dia depois de um petroleiro ter aí provocado um derrame.
Ao invés de enfrentar o problema, pegando o touro pelos cornos, acalmando o país, a esquerda optou, em primeiro lugar, por fazer como a avestruz para em seguida negar a realidade.
Na Quinta-Feira, o deputado do PP, Nuno Melo, fez ao hemiciclo, as perguntas que 10 milhões de portugueses desejariam fazer. Como resposta foi objecto dos maiores insultos que alguma vez se ouviram no nosso parlamento, pela voz de Ana Drago, a anã racista do Bloco de Esquerda. O pior é que Ana Drago não insultou só um deputado, insultou o país inteiro, que neste momento teme pela sua segurança e perdeu a pouca confiança que possuía nas forças de segurança.
Mas no dia seguinte, Sexta-Feira, o impensável aconteceu. O periódico porta-voz não oficial do Partido Socialista, o Espanholíssimo “A Capital” fez a seguinte manchete:
“A HISTÓRIA DO ARRASTÃO QUE NUNCA EXISTIU”
debaixo deste titulo escondia-se uma pretensa peça de investigação, escrita por um jornalista chamado Nuno Guedes, que com este trabalho justifica inteiramente os adjectivos com que João Jardim brindou a sua classe.
Este pseudo-profissional, vergonha da sua classe, pretende negar aquilo que é evidente, dizendo que só por ter havido uma queixa na esquadra, o arrastão nunca existiu. Quem presenciou no local a impotência das forças de segurança ia fazer queixa para quê? Para os criminosos poderem saber a seu nome e morada e assim exercerem represálias?
O alegado repórter chegou ao desplante de basear o título da sua notícia na entrevista a dois dos meliantes identificados pela polícia, que, outra coisa não seria de esperar, se afirmaram inocentes, que não tinha havido qualquer arrastão e que foram vítimas da violência policial por causa da sua cor da pele.
Para cúmulo o escriba acusa as forças policiais de serem as responsáveis pelo caos vivido na praia de Carcavelos no passado dia 10.
Com certeza que num destes dias este Nuno Guedes vai fazer uma Manchete com o seguinte título:
“VIDEO DA SIC É APENAS UM ENSAIO DA SECÇÃO DE TEATRO
DA SOCIEDADE FILARMÓNICA DA COVA DA MOURA"
A esquerda de Portugal choca lentamente um ovo da serpente e quando esta sair da casca será na esquerda que ela vai morder.
Não contente com isto, a esquerdalhada meteu um barril de pólvora num forno com a temperatura no máximo.

16 de junho de 2005

2 Anos de Aviz

O Mestre de Aviz da Blogoesfera faz hoje dois anos de vida, uma voz da lusofonia entre Portugal e o Brasil.
Parabéns Francisco

Olha a cultura, estúpida!

A titular do "ministério para a não re-eleição de Rui Rio", no meio das curtas férias, nas quais aproveitou para ir a uns funerais, foi alertada, através desta original manifestação, de que ela, Ministra para a não re-eleição de Rui Rio", também acumula funções como Ministra da Cultura.

Eu sei que impedir Rui Rio de ser re-eleito é uma tarefa titânica, mas convinha que não se esquecesse da cultura.

A companhia portuense Art´Imagem encobriu ontem à tarde com um pano negro a estátua de Almeida Garrett, situada em frente a Câmara Municipal do Porto, como forma de protesto contra a inércia governamental, na pessoa da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima. Em causa está o atraso na atribuição do Programa de Apoio Sustentado às Artes do Espectáculo, que coloca à beira da falência mais de duas dezenas estruturas teatrais do Norte do país.
Solidários com o protesto, vários responsáveis de grupos teatrais da cidade, como António Reis,João Cardoso, José Carretas e Mário Moutinho.

in O Comércio do Porto

15 de junho de 2005

Tal Pai, Tal filho

Muita coisa está ainda por escrever sobre estes dois Beirões que moldaram o século XX português, para além da origem geográfica ambos possuem tantas semelhanças e precursos idênticos que mais parecem pessoas de uma mesma família.
Cunhal foi o "filho", que Salazar nunca teve ,pois na realidade, e politicamente falando, foi Salazar quem gerou Cunhal e moldou inegávelmente o seu carácter, carácter esse (Dedicação total à sua causa, vida espartana quase de asceta) completamente decalcados do velho ditador.
- Ambos sabiam o que queriam e por onde desejavam caminhar;
- Ambos tinham concepções de Portugal completamente inadequadas aos tempos que corriam;
- Ambos possuiam uma enorme estrutura cultural e intelectual sem rival entre os seus pares;
- Ambos tinham um magnetismo que não deixava indiferentes quem os conhecia;
Numa coisa foram diferentes, Cunhal assistiu ao ruir do mundo em que acreditava, Salazar não, pois morreu com menos 10 anos e idade, mas se tivesse morrido com a mesma idade de Cunhal, teria assistido a tudo e acredito que teria tido exactamente a mesma postura
que Cunhal.

O Olho da águia

Há 14 anos, estava eu a passar um fim-de-semana em Faro, quando li nos cartazes da campanha eleitoral que Alvaro Cunhal iria estar presente no comicio do PCP (então já travestido de CDU) que se realizava naquela mesma noite no jardim junto à marina.
Lá me dirigi, pois nessa altura já Cunhal era idoso e eu não queria deixar de ter a oportunidade de o ver ao vivo, apesar de conhecer de antemão, tal como 10 milhões de portugueses, ponto por ponto e virgula por virgula o seu discurso.
No comicio assisti à orquestração profissional do Partido, algumas centenas de apoiantes debitavam decibeis das estafadas palavras de ordem, mas faziam-no convicentemente, bem como a estrutura dirigente presente no palco. Apenas Cunhal não acompanhava o ritmo, agia como o maestro de toda a orquestração, de olhar acutilante prescrutava tudo e todos e não tardou muito que a sua mirada se detivesse num jovem de 25 anos, provavelmente o único que não acompanhava a multidão. Senti calafrios no profundo e gélido olhar que me fixava, senti-me a ser observado profundamente, como se nada conseguisse ocultar àquela magnética mirada maléfica de .
Um dado curioso - vi e ouvi no Canal História a mesma descrição daquilo que eu senti nesse comicio de Faro, da voz das pessoas que conheceram e fitaram olhos nos olhos Adolf Hitler!

13 de junho de 2005

Este também se foi

O gajo da foto, também morreu! Mas não merece, por minha parte qualquer elogio fúnebre.
E como dos mortos não se diz mal, também não escrevo aqui, a minha opinião sobre o sujeito.

Álvaro Barreirinhas Cunhal (1913 - 2005)

Portugal viu desaparecer hoje o maior vulto político da segunda metade do Século XX português e a segunda figura política mais importante de todo o século passado.
Eu sou um firme opositor às ideias do falecido, mesmo depois de morto, mas tenho de me curvar perante a sua verticalidade, rectidão e lamentar-me por a sociedade democrática portuguesa nunca ter conseguido produzir alguém como Álvaro Cunhal, uma pessoa que põe um ideal à frente das suas necessidades pessoais, alguém que nunca verga, nem se dobra como borracha à primeira contrariedade, que sabe muito bem onde quer chegar e conhece o caminho que lá vai dar.
Como devem ter sido infelizes os últimos anos da sua vida, nos quais viu ruir todo o universo em que acreditou, e pelo qual lutou e se sacrificou durante toda a sua vida, 12 anos de prisão, dos quais 8 em solitária, quase inexistência de vida pessoal para que em menos de um ano tudo se esfumou, praticamente sem oposição, de uma maneira em tudo idêntica ao regime do seu nemésis, Oliveira Salazar. Cunhal sofreu, muito mais do que aquilo que eu, alguma vez lhe tinha desejado. Mesmo o seu partido, construído a partir de 1961 à sua imagem, que apesar de proclamar o seu desígnio ateísta, a sua organização e os seus membros assemelhavam-se mais a uma ordem militar-religiosa, seguidora dos ditames da “religião” em que Marx, Engels e sobretudo Estaline eram os "profetas" e Cunhal, o último dos seus "apóstolos", sendo o seu “Papa” incontestado por 31 anos, não resistiu à sua saída, estando hoje em dia, reduzido ao seu núcleo duro de seguidores fieis que nunca irão alterar nada daquilo que o "apóstolo" e "papa" lhes deixou em testamento.

Adeus Sr. Fontinha

Morreu o Sr. Fontinha, funcionário aposentado da Caixa de Previdência por necessidade e Poeta nos tempos livres, por vocação.
Conhecido pelo Portuguses pelo seu pseudónimo Eugénio de Andrade e provavelmente foi um dos maiores vates Portugueses da segunda metade do Século XX.
Que descanse em paz


Nota: Para mim o "Verdadeiro" Eugénio de Andrade era o meu Barbeiro em Matosinhos, que entre barbas e cabelos alinhava as suas prosas. Mas daqui mando-lhe também um abraço, pois onde quer que se encontre, estará triste certamente.

A imagem foi roubada à Cotada, que hoje interrompeu o seu silêncio (Aparece mais vezes, rapariga!)

11 de junho de 2005

A esquerdalhada e Carcavelos

Estava-se mesmo a ver, a esquerdalhada acha que ontem, 500 vítimas da sociedade racista branca e opulenta de Portugal , se manifestaram na praia de Carcavelos através do empréstimo de carteiras e telemóveis a troco de uns pares de socos.
Num recente blog intitulado de "
O Canhoto" (Pelo menos o nome não engana ninguém), um tal de Rui Pena Pires, alinhou estes espécimes de prosa, que sem dúvida merecem entrar directamente para o "Hall of fame" da cega demagogia esquerdista.

"que parece saber-se: algumas centenas (?) de jovens, maioritariamente negros oriundos de bairros degradados da periferia de Lisboa, terão concertado um assalto por arrastão na praia de Carcavelos. A confirmar-se o número, terá sido uma acção de delinquência juvenil, não de marginais criminalmente organizados."

Ou seja quinhentos criminosos apareceram por acaso, e só por acaso, na praia de Carcavelos e lembraram-se há mesma hora, no mesmo minuto e no mesmo segundo de assaltar toda a gente. Grande exemplo de desorganização!

Está claro que, de acordo com Rui Pena Pires, esses criminosos teriam que estar inocentes, pois a culpa é " jovens vivendo não só em situação de exclusão e sem expectativas de saída dessa situação, como, sobretudo, de jovens sem referências de solidariedade para com o conjunto da colectividade " - Enfim, a mesma treta de sempre, que não é branco ou é inocente, ou tem "fortíssimas circunstâncias atenuantes"

O que se passou ontem em Carcavelos foi mais que um acto criminoso, foi um acto de terrorismo racista, e o simples facto de nem uma única detenção ter sido realizada vai servir de incentivo a mais ataques racistas deste tipo. É melhor passar colocar uma arma entre a toalha e o Para-vento.


O outro deficit

Em Portugal, existe um outro deficit, mais importante que o financeiro, e que ninguém fala. Refiro-me ao deficit de informação. Sem informação não é possível a existência da liberdade, por isso em qualquer ditadura o controlo e manipulação das fontes de informação é a chave do poder.
Em Portugal este deficit é enorme, e ao contrário do deficit financeiro, este resulta de políticas deliberadas dos governos da republica, ciosos da manutenção das suas benesses e regalias, ocultam e dificultam o acesso à informação pelos Portugueses e no que toca às despesas da republica, saber onde se (mal) gasta o dinheiro dos nossos impostos, é um verdadeiro labirinto. O problema que se debatem os nossos políticos, é que hoje em dia, com a Internet, é cada vez mais difícil manter ocultar a informação, sobretudo quando à distância de um clique, sabemos quanto ganha Alan Greenspan, presidente da Reserva Federal e sabemos quanto fica ao erário público britânico a sua família real, mas nem imaginamos quanto ganha Vítor Constâncio nem onde são gastos os 200 milhões de euros que cada um dos ministros da republica das nossa regiões autónomas tem de dotação orçamental anual.

No dia 2 de Junho enviei este correio electrónico para o ministro da republica da Madeira

Exmos Srs.
Desejaria que me pudessem fornecer uma cópia do último relatório
de contas das actividades desenvolvidas pelo Gabinete do Ministro
da República da Região Autónoma da Madeira.
Atenciosamente,
o vosso cidadão
Luís Miguel Bonifácio

Até hoje não recebi qualquer resposta.

Em relação ao deficit financeiro, eu acho que existe vida para além dele, mas em relação ao deficit de informação, enquanto este se mantiver, garanto que a liberdade nunca será plena.

7 de junho de 2005

Águas – Muito lucro para pouco trabalho

O recente pacote de medidas anunciado para a água, encerra algumas virtudes, mas debaixo de uma esconde-se a promoção da incompetência, compadrio e irresponsabilidade.
O Ministro do Ambiente ao anunciar a lei, justificou a necessidade da cobrança de taxas aos grandes consumidores (Hoje em dia não se cobra a água captada em furos privados) com o facto de alguém ter de pagar as perdas que existem nos sistemas de distribuição.

É caso para se dizer: “Pior a emenda que o soneto
De acordo com várias fontes, actualmente apenas 50% da água captada chega aos contadores dos utilizadores. A restante é perdida nos canos, instalações velhas, rupturas, estações de tratamento.
Qualquer pessoa minimamente competente, obrigaria as empresas de distribuição (Câmaras, águas de Portugal, etc) a comunicar os montantes de água captada e os montantes de água vendida aos clientes. O Estado deveria então cobrar a “água perdida” às empresas de distribuição. Esta medida esbarra num simples facto. As novas empresas de distribuição de água, são a segunda divisão dos tachos públicos (A primeira divisão é composta pela CGD, GALP, Banco de Portugal, etc) onde são enviados a segunda escolha dos “amigos” sem emprego.
Se cobrasse uma taxa por cada m3 perdido, as empresas de distribuição deixariam de ser entidades altamente lucrativas e passariam a dar prejuízo, injustificando assim os chorudos salários que os seus directores auferem.
Para além disso, optimizar e reparar uma rede de distribuição de água é um trabalho hercúleo, pouco compatível com quem apenas deseja receber um cheque ao fim do mês, numa rotina das 9 às 5, em que a tarefa de maior esforço é consiste na leitura do Jornal.
Não quero com isto dizer que os grandes consumidores devam estar isentos de pagamento pela água que captam.
A Existência de uma taxa sobre a água captada é meio caminho andado para uma melhor utilização deste bem escasso, pois torna financeiramente viável a adopção de sistemas e equipamentos que diminuem fortemente o seu consumo. Se não se cobrar qualquer taxa, é praticamente impossível convencer um director de uma empresa a investir na poupança de um bem que é gratis.

2 de junho de 2005

Ministros da República - Para que vos quero?


PARA NADA
Aconselho a leitura deste postal colocado pelo Irreflexões no blogue Despesa Pública, sobre a "necessidade" da existência destas duas "desconhecidas" instituições.

Orçamento 2005, a Bandalheira total

Em relação aos postais anteriores, relativos às dotações orçamentais dos gabinetes dos ministros, quando soube desta noticia, fiquei chocado, mas com uma dúvida:
200 milhões de euros, é muito dinheiro, e não consigo imaginar quanto, sem possuir um termo de comparação. Tentei por isso comparar estes gastos com outros de carácter similar. O primeiro que escolhi, e que me deu a primeira luz sobre o assunto, foi a dotação orçamental da presidência da republica para o ano de 2005. Esta dotação que cobre os gastos de Sampaio, o seu staff, a manutenção do Palácio de Belém, as viagens e os vestidos de Maria José Rita é de 13.325 milhões de euros.
O valor atribuído à presidência da república para 2005, pode-se considerar “espartano”, quando comparado com as dotações orçamentais dos ministros da república dos Açores e Madeira – mais de 200 milhões de euros para cada um, e com a dotação orçamental do gabinete do ministro da defesa – 159 milhões de euros, dotação essa, que o sucessor de Paulo Portas, presumo que tenha herdado questionar.

Mas esta comparação não me deixou satisfeito, precisava de arranjar mais um termo de comparação. Tentei saber quanto custa Chirac ao estado Francês, mas a busca foi infrutífera. A mesma busca porém, direccionou-me para o relatório de contas da Real Casa de Windsor, chefiada por Sua Majestade Fidelíssima Isabel II. Fiquei logo a pensar que a minha depressão ia desaparecer, pois ao ler os gastos de Isabel II, pensei (Lírico) que iria passar a considerar os nossos ministros da república da Madeira e Açores, como uns pobres pedintes de pé descalço
Da leitura do relatório de contas reais – Royal Public Finances 2003-2004, fiquei a saber que:
A família real britânica possui 5 tipos de rendimentos:
- Lista Civil* – Salários dos funcionários reais – 303 funcionários (2004)
- Subvenções do Estado (Grants-in-aid)* – Destinados à manutenção dos palácios reais, salários dos respectivos funcionários - 111 funcionários (2004) - e viagens de estado -
- Privy Purse – Rendimentos das propriedades particulares da Casa de Windsor
- Riqueza pessoal e outros rendimentos
- Despesas pagas directamente pelo estado*
* - Fundos públicos
Quando li os valores envolvidos o queixo caiu ao chão, eram verdadeiramente inacreditáveis, mas não no sentido em que estava a pensar:

Em 2004, os gastos com dinheiros públicos foram os seguintes (Milhões de Libras):
Lista Civil – 9.953
Subvenções do Estado – 21.645
Despesas pagas pelo Estado – 4.872
Total de fundos públicos – 36.470 (53.993 milhões de €)
NOTAS: As despesas das subvenções do estado destinam-se aos palácios reais ocupados, que são:
- Palácio de Buckingham;
- Palácio de St. James;
- Clarence House;
- Marlborough House;
- Palácio de Kesington;
- Palácio de Hampton Court;
- Castelo de Windsor, seu parque e edifícios nele existentes.
Não acreditando no que estava a ver, pensei que tinha lido mal os números, faltam de certeza dois ou três zeros. Não! Afinal os meus olhos não me tinham enganado, lido e relido o relatório, os valores estão todos expressos em Milhões de Libras, aplicando a taxa de câmbio do dia de ontem (£1 – 1.4804945 €) verifiquei que toda a Monarquia Britânica custa ao erário público do Reino Unido uns módicos 53.993, ou seja 54 milhões de euros.
Resumindo, aquilo que o Reino Unido gasta com toda a família real, chega apenas para "alimentar" um gabinete do ministro da república, das nossas regiões autónomas, por um mísero trimestre e quatro meses do Gabinete do ministro da defesa.

Para melhor ilustrar os custos com quatro instituições da nossa república, (Gabinetes dos ministros da república dos Açores e Madeira, da Defesa e Presidência da República) resolvi construir este gráfico, no qual está expressa a dotação orçamental de cada instituição, não em milhões de euros, mas em “Rainhas de Inglaterra”

O gráfico fala por si, mas gostaria de saber como é que os Srs. Ministros da república dos Açores e da Madeira, justificam gastos anuais 4 vezes superiores aos da Sua Majestade a Rainha Isabel II. É certo que viajam muito de avião, é certo que moram em palácios, mas estes palácios estão para Buckingham, tal como uma barraca da Cova da Moura está para os duplexes da Torre de São Gabriel. E a Rainha de Inglaterra tem mais 6 palácios.

Nota: A presidência da república representa apenas um quarto de rainha de Inglaterra.

Como cidadão, exijo uma explicação! Uma explicação por parte de quem elaborou este orçamento, por parte de quem obrigou à sua aprovação e por parte de quem tem, neste momento, a obrigação de o aplicar. Se esta explicação não for dada, o acto de fugir aos impostos não pode mais, ser considerado um crime, deve ser considerado um dever patriótico.

Para os mais cépticos, deixo aqui os links, para verem com os seus próprios olhos.
Royal Public Finances 2003-2004 (Ficheiro pdf – 1.529 Mb)
Royal Public Finances summary 2003-2004 (Ficheiro pdf – 88 Kb)
Mapa 02-2005 do Orçamento geral do Estado (Ficheiro pdf – 9.6 Kb)


Amanhã saibam porquê

1 de junho de 2005

Aumentar os Impostos para quê?

Relativamente ao postal anterior, se todos os gabinetes de ministros recebessem a média do valor da despesa, resultante da subtracção das verbas dos ministros da república da Madeira e Açores e do ministro da defesa – 4 600 000 €, a dotação orçamental seria de 78 000 000 € aproximadamente. Com isto obter-se-ia uma poupança de 562 714 888 €, que corresponde a 0.43% do P.I.B. Com uma redução destas dotações orçamentais alcançar-se-ia uma redução do P.I.B. maior do que aquela que Sócrates espera obter com o aumento anunciado dos impostos – 0.4% (Ver esta noticia do Jornal de Negócios).
NOTA: Este valor seria alcançado apenas com cortes nos gabinetes dos ministros da republica dos Açores e Madeira e do ministro da defesa. Falta saber se as verbas atribuídas aos restantes gabinetes dos ministros (4 600 000 € em média), são efectivamente bem atribuídas, ou se possuem desperdicios em si mesmas.

Concluindo, é possível alcançar os objectivos que o governo de Sócrates se propõe atingir sem ter que pedir qualquer esforço aos Portugueses. O problema é que para se fazer isso teria de acabar a chulice dos “jobs” para os bois, coisa que Sócrates, tal como todos os seus antecessores não deseja fazer, para não afrontar o tachismo que impera no seu partido. Por estes motivos demonstro que este governo é pura e simplesmente mais do mesmo. A única diferença é que sabem fazer as coisas com uma maior dose de profissionalismo que os anteriores governos do PSD, tal como a recente pantomina do déficit, em que o "Artista" se chamava Constâncio, bem mostrou.