16 de fevereiro de 2010

"Lá Fora é que é bom" - A causa raiz da nossa miséria

Chamo a atenção para este texto de Pedro Bidarra no "Jornal I", sobre o que dá a falsa impressão de que "lá fora" é que estão as coisas boas.

Bidarra centra-se na deslocalização dos centros de decisão, mas o mesmo pode ser aplicado aos jovens licenciados desempregados, que desesperam por um emprego inexistente, porque não abdicam de se vestiram com roupas feitas "lá fora" ou comerem comida vinda "de fora".

O mesmo também pode ser aplicado àquela coisa que sai à rua nestes dias a que alguns chamam "Carnaval", pois que o "Entrudo" é uma coisa Portuguesa e por isso, visto como uma coisa "sub-desenvolvida" que urge eliminar.

Carnaval é outra coisa! É bom, pois vem "Lá de fora"

Infelizmente, no entender destes idiotas, ainda existem pessoas que vestem "Caretos".

Só que estes idiotas não sabem é que ao promoverem o "Lá de fora" estão a ser, nem mais nem menos, que uma figura Carnavalesca tipicamente Portuguesa

O Xéxé, com o seu chapéu napoleónico a dizer:

"Para mim MERDA"


pois merda é o que devemos atirar aos que adoram o que vem "Lá de fora"

Nota: Foto de o "Xéxé" tirada por Augusto Bobone - final do Século XIX - Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal

A propósito de "Patranhas"

Patacôncio, arqui-rival do Tio Patinhas e director do Jornal "A Patranha", rival do Jornal "A Patada" dirigido pelo Tio Patinhas.

Patacôncio em Português do Brasil, Mário Lino em Português de Portugal



10 de fevereiro de 2010

Quem puder vá

O Alzheimer não perdoa

Mário Soares falou!

Mas para dizer o que disse, mais valia estar como o Alegre.

Caladinho.......

É este, aquele que adora ser laudado de "Pai da Democracia", de "Defensor da Liberdade" e "grande Anti-Fascista"?

É este velhote, aquele que em 1975, em nome da Liberdade impediu o PCP de ocupar o Jornal República?
É este o mesmo Mário Soares da Manifestação da Fonte Luminosa de 1975?

Peço encarecidamente à entourage do Dr. Soares:

Ajudem este velhinho a gozar o resto da sua vida com dignidade.

8 de fevereiro de 2010

Hoje tal como há 120 anos atrás

Após as declarações do comissário Almunia, que demonstram a validade do velho ditado "De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento", ergueu-se em Portugal um enorme clamor contra os novos inimigos externos (Agências de Rating, Almunia, FMI, etc).
Desde Sócrates a Cavaco, passando pela Associação Nacional de Municípios, que hoje, caricatamente, mandou uma carta a Bruxelas a pedir a cabeça de Almunia numa salva de prata, todos ladram, mas de concreto nada fazem, nem sequer dão mostras de algum dia querer fazer alguma coisa.

Aliás esta reacção meramente verbal é exactamente idêntica à tida pelo Partido Republicano Português em 1890 ao ultimatum Britânico.
Hoje tal como há 120 anos atrás Portugal por culpa própria está perante poderes que lhe são superiores abre as goelas e grita, esbraceja e pula, mas de concreto não se atreve a mexer uma palha.


Esta reacção à perda de credibilidade da República nos mercados financeiros internacionais é fútil, inadequada e vai ter como resultado o aumento do nível de descrédito.

Em ano de comemoração do centenário da "República", nada como regressar a esses "heróicos" tempos.

Até os resultados finais vão ser os mesmos.

4 de fevereiro de 2010

Preocupante mesmo

O Carlos Barbosa de Oliveira publica um excerto de uma conversa no ar, transmitida pela Antena 1 num programa chamado Portugal dos pequeninos onde uma jornalista entrevista crianças.

Na referida emissão a jornalista pergunta a um fedelho de 11 ou 12 anos o que faria se fosse rico, a conversa avançou para coisas deveras preocupantes:

"
Comprava uma metralhadora e uma shot gun" - respondeu o fedelho descontraidamente
"
E para que é que tu querias a metralhadora?" - perguntou a Jornalista
"
Para matar todas as pessoas de que não gosto."
"
E quem é que tu matavas primeiro?" - pergunta a Jornalista.
"
O Sócrates", responde o fedelho.
"
Porque é que não gostas do Sócrates?"
"
Porque ele me obriga a estudar e eu detesto…"

NOTA: Importa salientar a fraca qualidade da Jornalista (Sónia Morais Santos) que deveria ter parado a entrevista assim que o Buícinha falou em armas e não fazer perguntas imbecis como quem queria ele matar.

Mas este tipo de comportamento não me surpreende num país, onde pessoas tidas como respeitáveis acham o assassínio político justificável, como ainda recentemente fez uma tal professor Universitário presidente de uma organização qualquer de "Livre-Pensamento", ou o Doutor Louçã faz amiúde.

Assim vai a nossa triste República

Também publicado no "Centenário da República"

1 de fevereiro de 2010

A MORTE SAIU À RUA

A morte saiu à rua num dia assim

Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calçada cai

E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial

E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu

Vão dizendo em toda a parte o rei morreu!

Teu sangue, Rei, reclama outra morte igual

Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina à morte que te matou

Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim

Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada há covas feitas no chão

E em todas florirão, as flores duma nação

Poema de José Afonso, com ligeiras alterações minhas que em nada afectam o seu sentido.


Também publicado em "O Centenário da República"