Há 14 anos, estava eu a passar um fim-de-semana em Faro, quando li nos cartazes da campanha eleitoral que Alvaro Cunhal iria estar presente no comicio do PCP (então já travestido de CDU) que se realizava naquela mesma noite no jardim junto à marina.
Lá me dirigi, pois nessa altura já Cunhal era idoso e eu não queria deixar de ter a oportunidade de o ver ao vivo, apesar de conhecer de antemão, tal como 10 milhões de portugueses, ponto por ponto e virgula por virgula o seu discurso.
No comicio assisti à orquestração profissional do Partido, algumas centenas de apoiantes debitavam decibeis das estafadas palavras de ordem, mas faziam-no convicentemente, bem como a estrutura dirigente presente no palco. Apenas Cunhal não acompanhava o ritmo, agia como o maestro de toda a orquestração, de olhar acutilante prescrutava tudo e todos e não tardou muito que a sua mirada se detivesse num jovem de 25 anos, provavelmente o único que não acompanhava a multidão. Senti calafrios no profundo e gélido olhar que me fixava, senti-me a ser observado profundamente, como se nada conseguisse ocultar àquela magnética mirada maléfica de .
Um dado curioso - vi e ouvi no Canal História a mesma descrição daquilo que eu senti nesse comicio de Faro, da voz das pessoas que conheceram e fitaram olhos nos olhos Adolf Hitler!
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