7 de junho de 2005

Águas – Muito lucro para pouco trabalho

O recente pacote de medidas anunciado para a água, encerra algumas virtudes, mas debaixo de uma esconde-se a promoção da incompetência, compadrio e irresponsabilidade.
O Ministro do Ambiente ao anunciar a lei, justificou a necessidade da cobrança de taxas aos grandes consumidores (Hoje em dia não se cobra a água captada em furos privados) com o facto de alguém ter de pagar as perdas que existem nos sistemas de distribuição.

É caso para se dizer: “Pior a emenda que o soneto
De acordo com várias fontes, actualmente apenas 50% da água captada chega aos contadores dos utilizadores. A restante é perdida nos canos, instalações velhas, rupturas, estações de tratamento.
Qualquer pessoa minimamente competente, obrigaria as empresas de distribuição (Câmaras, águas de Portugal, etc) a comunicar os montantes de água captada e os montantes de água vendida aos clientes. O Estado deveria então cobrar a “água perdida” às empresas de distribuição. Esta medida esbarra num simples facto. As novas empresas de distribuição de água, são a segunda divisão dos tachos públicos (A primeira divisão é composta pela CGD, GALP, Banco de Portugal, etc) onde são enviados a segunda escolha dos “amigos” sem emprego.
Se cobrasse uma taxa por cada m3 perdido, as empresas de distribuição deixariam de ser entidades altamente lucrativas e passariam a dar prejuízo, injustificando assim os chorudos salários que os seus directores auferem.
Para além disso, optimizar e reparar uma rede de distribuição de água é um trabalho hercúleo, pouco compatível com quem apenas deseja receber um cheque ao fim do mês, numa rotina das 9 às 5, em que a tarefa de maior esforço é consiste na leitura do Jornal.
Não quero com isto dizer que os grandes consumidores devam estar isentos de pagamento pela água que captam.
A Existência de uma taxa sobre a água captada é meio caminho andado para uma melhor utilização deste bem escasso, pois torna financeiramente viável a adopção de sistemas e equipamentos que diminuem fortemente o seu consumo. Se não se cobrar qualquer taxa, é praticamente impossível convencer um director de uma empresa a investir na poupança de um bem que é gratis.

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