22 de fevereiro de 2009

Onanísmo Republicano Lisboeta

A República foi implantada numa câmara municipal e não no parlamento. Isto demonstrou antecipadamente o respeito que o partido republicano português teve pela soberania popular nos 16 anos seguintes. Nos 48 anos de Salazar o país centrou-se me Lisboa, mas como Salazar era bem mais inteligente que os republicanos de 1910, a câmara municipal de lisboa, deixou de fazer parte dos locais de culto do novo regime. Após o 25 de abril, e depois de alguns anos em que parecia que o centralismo português estava a mudar, vem agora as comemorações do centenário da republica demonstar que afinal está tudo na mesma.

Os tão propalados 10 milhões de euros que a comissão Santos Silva foi contemplada pelo orçamento afinal são 155 milhões se adicionarmos os orçamentos "iniciais", convém frisar este ponto, que a comissão "Mota e Cia - Betonagem Republicana Total" vai dispor de 145 milhões para executar cerca de 30 obras, bem dentro dos limites do concelho de Lisboa. Até o facto de serem 30 não é inocente, pois se efectuarmos a divisão do dinheiro pelas obras dá inferior a 5 milhões cada uma, o que é o mesmo que dizer - Adjudicação directa sem concurso!

Para o resto do país . . . . . . Nada! Levam com a crise, e é para ficarem satisfeitos.

Bem pode Loures dizer que foi a primeira localidade onde a república foi implantada.
Bem pode Setúbal gastar rios de dinheiro do seu orçamento, para lançar a ideia falsa de que lá é que se originou o verdadeiro republicanismo.
Bem pode o Porto puxar dos seus galões de que é a cidade republicana ideal, pela sua bebedeira de 31 de Janeiro, apesar de este facto ser rapidamente desmentido pelas cores do seu maior símbolo de hoje em dia, criado para mostrar a Portugal que o Porto foi sempre monárquico e liberal.

Em 2009/2010 a República Portuguesa é Lisboa, só Lisboa e nada mais que Lisboa. O resto do país que veja na TV os rios de dinheiro que a República Lisboeta vai gastar na sua comemoração onanística.




Estranho é o silêncio do Rui Moreira, do Carlos Abreu Amorim e de outros tantos, que sempre tão rápidos a protestar contra qualquer cêntimo gasto a sul do Rio Mondego, apresentam um silêncio republicanamente comprometedor nestes dias que correm.
Ler o artigo relacionado, publicado pelo Ricardo Silva no "Centenário da República".

5 comentários:

Gonçalo Marques disse...

Caríssimo

Completamente de acordo e vou, até, um pouco mais longe: será que vale a pena comemorar um regime que, salvo honrosíssimas excepções, só nos trouxe desgraça e desprestígio?

Creio que não

PMS disse...

"Bem pode o Porto puxar dos seus galões de que é a cidade republicana ideal, pela sua bebedeira de 31 de Janeiro, apesar de este facto ser rapidamente desmentido pelas cores do seu maior símbolo de hoje em dia, criado para mostrar a Portugal que o Porto foi sempre monárquico e liberal."

Esse é um erro comum. O FCP foi fundado em 1893 e escolheu as cores da bandeira de Portugal.

Não havia na altura uma bandeira monárquica e uma bandeira republicana (a bandeira republicana apenas foi criada em 1910, muitos anos depois da fundação do FCP). O Porto foi sempre português acima de tudo e apesar de tudo.

Luís Bonifácio disse...

Acho que deve ler a História do Futebol Clube do Porto e do seu fundador Nicolau de Almeida, Monárquico convicto.

PMS disse...

O clube foi refundado em 1906 por José Monteiro de Almeida, e foi este que decidiu que o clube deveria ter as cores azul e branco, as cores da pátria pois "tinha esperança de que o futuro clube havia de ser grande, não se limitando a defender o bom nome da cidade, mas também o de Portugal em pugnas desportivas contra estrangeiros".

Na verdade, a discussão na altura foi que uns queriam antes as cores azul e vermelho, alegando que eram as cores do Arsenal de Londres... mas eram também as cores Miguelistas (absolutismo). O FCP preferiu as cores do liberalismo.

Esta é a única conclusão política que se pode retirar sobre os seus fundadores. No caso, aplica-se também à cidade. Afirmar que as gentes do Porto são monárquicas é um tanto anedótico e um tanto insultuoso (mas também temos cá alguns monárquicos).

Atira Menires disse...

Neste ano de 2009, comemora-se os 900 anos do nascimento do nosso rei fundador.
Tal como todos os lisboetas e tripeiros, sempre ficam preocupados com os seus feudos e o resto que se "feudeu".
A verdade é que nem a comunicação social nem qualquer das outras forças vivas nacionais (excepto a honrada cidade de Guimarães, um dos poucos ex-libris que dignificam este país)mencionam qualquer comentário por esta data tão importante. É o país que somos e que temos