3 de fevereiro de 2009

Capitão Celeste - Um Português na Conspiração contra Lincoln

Quase esquecido para a história, está o "Captain Celeste", aliás, João M. Celestino, um misterioso marinheiro Português envolvido na conspiração para assassinar Abraham Lincoln. Preso com os principais suspeitos. Foi mais tarde libertado (No dia seguinte aos enforcamentos) sem nunca ter sido acusado.

O envolvimento de Celestino, começa na noite de 30 de Abril de 1864 em frente às costas da Carolina do Sul, quando o USS Vicksburg captura uma escuna que tentava furar o bloqueio imposto aos estados confederados. A escuna inglesa “Indian", proveniente da então colónia Espanhola de Cuba, era comandada pelo Português João Celestino, que disse ser natural de Lisboa e ter 38 anos.
Capturado o navio, Celestino e a tripulação foram presos na Central Guard House de Washington, de onde sairia a 23 de Maio por intervenção do Cônsul Britânico.

Abandonado e sem dinheiro, Celestino desenvolveu um enorme ódio contra o governo da União, que considerava responsável pela sua “desgraça”. Durante um ano trabalhou nas docas de Washington, onde, supostamente, conheceu David Herold and George Atzerodt, que alcançariam a fama conjuntamente com John Wilkes Booth na conspiração para matar Abraham Lincoln.



Na noite de 14 de Abril de 1865, Celestino abandonou Washington em direcção a Filadélfia. Pouco antes, alguém o ouviu dizer que gostaria de matar o secretário de estado William M. Seward, pessoa que considerava responsável por, conjuntamente com o navio, lhe terem confiscado 3000 dólares. A ameaça provavelmente teria passado despercebida. Mas às 22h00 desse mesmo dia Seward foi sido apunhalado por Lewis Paine, num atentado coordenado com o assassinato de Lincoln por Boothe no Teatro Ford.

Preso em Filadélfia a 18 de Abril, Celestino foi levado para Washington onde deu entrada, conjuntamente com centenas de suspeitos na Old Capitol Prison. Por ordem do chefe dos serviços secretos Lafayette Baker, Celestino foi mantido em solitária. A 25 de Abril de 1865, Celestino é transferido para um Monitor no Rio Potomac, onde se encontravam todos os principais suspeitos da conspiração. Quando os principais suspeitos foram transferidos para a prisão do Arsenal de Washington, Celestino acompanhou-os. Como nenhuma acusação tinha sido feita contra ele, o embaixador Português inicia, sem sucesso, diligências para obter a sua libertação.
Em Junho de 1865, todos os outros suspeitos foram acusados e condenados, sendo 4 a trabalhos forçados e 4 condenados à morte, sendo executados a 7 de Julho.
No dia seguinte Celestino foi libertado e ordenada a sua saída dos Estados Unidos em 10 dias sem nunca ter sido acusado de qualquer crime.
Quem era este homem?
Um conspirador, ou um espião ao serviço do chefe dos serviços secretos Lafayette Baker?
A segunda hipótese parece ser a mais provável.
Celestino não chegou a abandonar os Estados Unidos, 4 meses depois envia uma petição ao Presidente Andrew Johnson, solicitando um “pagamento” por ter estado preso sem culpa formada. Nos registos de Washington apenas existe uma nota do presidente que recomenda o pagamento, mas não existe qualquer outro documento que o ateste.
A partir daí, João M. Celestino, o Capitão Celeste, desaparece nas brumas do tempo e da memória.
Fonte: The Unknown Conspirator, Philip van Doren Stern, Artigo publicado na American Heritage Magazine em Fevereiro de 1957.
Fotografias de João M. Celestino e do enforcamento tiradas por Alexander Gardner, constantes do "The Lincoln Conspiracy Album", pertencentes à colecção da George Eastman House.

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