Em Engenharia e Gestão, existe um conjunto de ferramentas chamadas “Modelos de Apoio à tomada de decisões”. Estes modelos consistem. Muito sucintamente, numa equação com várias funções cada uma afectado de um determinado factor.
As funções podem ser indicadores objectivos tais como: Custo, Tempo, Taxa Interna de rentabilidade, distância, etc. ou subjectivos como impacto ambiental.
Os decisores devem analisar e escolher cada um dos factores que vão afectar as diferentes funções.
Após a definição do modelo, as várias alternativas são estudadas e comparadas entre si através do modelo previamente definido de onde resultará uma “vencedora”. Um modelo destes pode ser aplicado numa decisão de investimento, num concurso público, numa contratação de pessoal, ou até na decisão de um novo … aeroporto.
O estudo realizado por Carlos Borrego e a Universidade de Aveiro que colocou Benavente (Alcochete) em cima da mesa parece ter seguído esta metodologia.
O que atrás referi é a aplicarão da ferramenta de acordo com as regras da boa prática. Porém a ferramenta pode ser aplicada mal, ou seja de trás para a frente.
Em 1992 encontrava-me eu a frequentar uma pós-graduação onde o Professor Bana e Costa leccionou uma cadeira sobre este tipo de ferramentas. Quase no final das aulas o Professor Bana e Costa contou esta história perante a pergunta “Isto usa-se em Portugal?”.
Há alguns anos atrás fui convidado por uma grande empresa pública a construir um modelo de decisão para um grande investimento, o qual poderia ser feito em vários locais. Ao fazer a primeira apresentação sobre a aplicação do método fui interrompido por um dos administradores que me alertou realmente para o que eles pretendiam. – “Sr. Professor, isso é tudo muito bonito, mas nós já decidimos tudo o que havia a decidir, o que realmente pretendemos é que o senhor construa um modelo que sirva para justificar a nossa decisão. Alguém que não o professor Bana e Costa acabou por construir o pretendido modelo.
O “estudo” de Rui Moreira, que antes de ser feito já apresenta a conclusão, não é mais que a aplicação de um modelo de apoio à decisão às avessas. Apenas será elaborado um modelo unicamente à medida da opção Portela + 1.
Nesta coisa de modelos de apoio à tomada de decisão, quando mal aplicados, tudo é possível, até justificar que o novo aeroporto de Lisboa seja em … Pedras Rubras
23 de junho de 2007
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