31 de julho de 2005

Correia de Oliveira - Sempre presente

Fez ontem 126 anos que nasceu um dos maiores homens de letras do século XX português, refiro-me ao grande Poeta António Correia de Oliveira, primeiro Português a ser nomeado para um Prémio Nobel e a própria concorrente vencedora, Gabriela Mistral, declarou publicamente, no acto solene, que não merecia o prémio, estando presente o autor do “Verbo Ser e Verbo Amar”.
Correia de Oliveira nasceu em São Pedro do Sul e faleceu em Esposende. Estudou no seminário de Viseu, indo depois para Lisboa onde trabalhou como jornalista no Diário Ilustrado. Tendo casado com uma rica proprietária minhota, fixa-se na aldeia de Belinho, concelho de Esposende.
Grande poeta neogarrettista, foi um dos cantores do Saudosismo, juntamente com Teixeira de Pascoaes e outros. Ligado aos movimentos culturais do Integralismo Lusitano e da revista Águia, Atlântida, Ave Azul e Seara Nova. A sua obra situa-se numa numa linha de tradicionalismo líricode forte raíz e seiva popular.
Os seus poemas por serem tão populares foram escolhidos para os livros de leitura da Escola Primária, o que lhe valeu, após o 25 de Abril, ser riscado da história oficial da literatura Portuguesa, pela nomenklatura esquerdista, conjuntamente com Afonso Lopes Vieira, António Manuel Couto Viana e Rodrigo Emílio.
Obras poéticas: Ladainha (1897), Eiradas (1899), Cantigas (1902), Raiz (1903), Ara (1904), Tentações de S. Frei Gil (1907), Elogio dos Sentidos (1908), Alma Religiosa (1910), Dizeres do Povo (1911), Romarias (1912), A Criação. Vida e História da Árvore (1913), A Minha Terra (1915-1917), Na Hora Incerta (Viriato Lusitano) (1920), Verbo Ser e Verbo Amar (1926), Mare Nostrum (1939), História Pequenina de Portugal Gigante (1940), Aljubarrota ao Luar (1944), Saudade Nossa (1944), Redondilhas (1948), Azinheira em Flor (1954).
è necessário relembrar que Correia de Oliveira tinha por nome próprio António e não Adriano. Foi poeta e não um barbudo que dedilhava meia dúzia de acordes numa guitarra.
O perfume
O que sou eu? – O Perfume,
Dizem os homens. – Serei.
Mas o que sou nem eu sei...
Sou uma sombra de lume!

Rasgo a aragem como um gume
De espada: Subi. Voei.
Onde passava, deixei
A essência que me resume.

Liberdade, eu me cativo:
Numa renda, um nada, eu vivo
Vida de Sonho e Verdade!

Passam os dias, e em vão!
– Eu sou a Recordação;
Sou mais, ainda: a Saudade

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