31 de julho de 2005

As "fraquezas vivas" da Cidade do Porto

Uma ala que ameaçava ruína do Mercado do Bolhão encerrou subitamente na passada semana. Uma reportagem no suplemento local do Público mostrava alguns sinais que provam que a ruína pode ser iminente. O seu encerramento poderá parecer a quem não seguiu o processo que a câmara do Porto adoptou uma atitude brusca e pouco educada para os lojistas afectados. Tal não é verdade, havia mais de quinze dias que se procurava encontrar uma solução, atrasada por meras questões de lana caprina.

Imediatamente as auto-denominadas “forças vivas” da cidade do Porto se juntaram ao protesto dos lojistas e acotovelaram-se para aparecerem nas reportagens televisivas. Estavam lá todos os candidatos anti Rui Rio, o cantor Abrunhosa, que felizmente se esqueceu das algemas em casa e o inenarrável Prof. Bitaites, tudo personagens sinistras que provavelmente gastaram menos euros em compras no Mercado do Bolhão, que o casal Castelo-Branco nas suas duas únicas visitas ao popular mercado portuense.

O mercado do Bolhão é um ex-libris do Porto, ali se encontra o último folgo da verdadeiramente genuína atmosfera tripeira, mas tal não invalida que este mercado esteja a sofrer das mesmas mazelas que sofreram outros mercados, atacados pela concorrência desenfreada dos Hipers e pela desertificação dos centros urbanos. A solução para o Bolhão passa pelo seu urgente restauro e diminuição da área afecta às transacções comerciais, enquanto que a área a ser libertada poderá ser afectada a outras actividades tais como eventos culturais, restaurantes, feiras do livro permanentes etc.
O exemplo a seguir seria o do mercado da ribeira em Lisboa, cuja área comercial está reduzida a um quarto da original, enquanto a restante área está afecta a outras actividades que levam até ele uma multidão de pessoas que muito provavelmente nunca o teria frequentado antes. Os bailaricos populares que lá se realizam ao fim de semana estão sempre cheios, bem como a feira do livro permanente e demais eventos periódicos.
O Porto seria uma cidade diferente, para melhor, se as suas “forças vivas”, procurassem fazer alguma coisa pela cidade que tanto dizem amar e procurassem soluções, ao invés de apenas se “mexerem”, quando alguma desgraça interrompe a sua amena pasmaceira.

Sem comentários: