21 de abril de 2008

A Carta de Luanda

No livro recentemente editado, “Holocausto em Angola”, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega 2007) está publicada uma carta atribuída ao Almirante Rosa Coutinho, à altura Alto-Comissário em Angola na qual ele aconselha o MPLA a perseguir e chacinar a população branca de modo a poder tomar o poder.
Esta carta foi referida por António Barreto numa das suas crónicas de Domingo no Público fez-lhe referência, crónica essa mais tarde publicada online no Sorumbático.
Tal facto parece na altura, e agora não ter provocado qualquer reacção, áparte das crónicas de Ferreira Fernandes no DN, publicadas também no Sorumbático e do João Távora no Corta-fitas, mais ninguém se referiu ao assunto.
Na altura insurgi-me contra Ferreira Fernandes, pois para ele, como bom esquerdista, a carta era falsa, porque sim.
A gravidade da acusação necessita de algo mais de um "Porque sim"
Em minha opinião a carta é falsa, mas não é "Porque sim!". É um pouco mais complicado e por isso vou explicar sucintamente:
Quando se analisa correspondência escrita, existem dois tipos de situações que quase nunca encontramos.
  1. Informações secretas ou muito confidenciais, pois a correspondência pode ser violada, ou quem dactilografa pode ficar com acesso à mesma.
  2. Informações que se possam tornar comprometedoras para quem escreve tanto na sua vida como após a sua morte, pois mais cedo ou mais tarde alguém que não o destinatário vai ter acesso à mesma.
Geralmente as situações confidenciais ou secretas, se escritas eram pelo próprio, e entregues em mão, ou devidamente cifradas. Por outro lado as situações que poderiam ser consideradas muito comprometedoras para o signatário (Como o que consta da carta) eram transmitidas directamente do próprio ao próprio.
Existe ainda uma outra maneira de aferir da veracidade ou não de uma carta escrita. O estilo. Rosa Coutinho é do tempo em que se escreviam cartas, pessoais, oficiais, etc. Com certeza que tinha o seu estilo próprio. Uma análise à sua correspondência e a comparação com esta carta poderia, embora não completamente, fazer alguma luz sobre o assunto.
No entanto esta situação trouxe à baila uma enorme área cinzenta da nossa história recente - Os ultimos meses de soberania Potuguesa em Angola.
Este é um periodo que importa apurar a verdade. Não numa perspectiva de contestação à independência de Angola, mas sim numa perspectiva unicamente interna de uma vez portodas apurarmos se houve ou não um acto de traíção à Pátria, por parte de militares e civis com responsabilidades nessa altura.

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