18 de setembro de 2007

Partimónio


A mamoa em Agosto 2007
Debaixo deste monte de silvas, austrálias e demais mato esconde-se um dos mais importantes monumentos megalíticos funerários de Portugal - A Mamoa da Eireira em Afife. Este monumento encontra-se completamente ao abandono, sendo o mato que o cobre a sua "única protecção" que possui.

Objecto de estudo aprofundado entre 1986-1989, por uma Equipa liderada por Eduardo Lopes da Silva, o qual a descreveu como:
Aqui (Afife), a arquitectura dolménica viria a configurar-se como uma estrutura com corredor duplamente indiferenciado, assemelhando-se às áleas cobertas francesas. Na verdade, este monumento apresenta todos os esteios com a mesma altura, com acentuada inclinação para o interior. Trata-se de uma estrutura sem paralelos conhecidos, até hoje, no nosso País.
in "Novos dados sobre o Megalitismo do Norte de Portugal" - EDUARDO JORGE LOPES DA SILVA* - Grupo de Investigação Arqueológica do Norte

A mamoa durante as escavações
Procurando em páginas da especialidade, verifica-se que não é só em Portugal que este monumento é único, como este texto o demonstra:

I forgot to add that the original name of the Cairn of Afife is Cairn of Eireira, a cryptic name if you ask me. Another piece of weirdness in this cairn (or mamoa, as it is called in Portuguese) is how all the uprights that make up the passage are the same height as the chamber's, which is quite unbelievable in megalithic monuments, known as they are for dramatizing the entrance inside via a sloping corridor and other effects of perspective. This one had no need, though I couldn't say with conviction whether it has anything to do with the position of the horizon and the sunrise in this case, high over that of the sea. Very often in megalithic chambers I have seen it covers half of the entrance when seen from the inside of the chamber, perfect for the illumination of the chamber at a certain sunrise of the year.

Após algumas catanadas, consegui entrar dentro da mamoa, apenas para constatar que as silvas não demovem os vândalos, que se entretêm a pintar as gravuras existentes nas lajes.


É certo que o estado de abandono da Mamoa de Afife (Monumento ainda não classificado) não é tão chocante como o que sucedeu ao Menir de Santa Margarida, imóvel de interesse público cortado a serra mecânica e atirado para a berma da estrada, como podem ver "in loco" aqui, mas não falta, quem alerte para o problema. O problema é que parece não haver ninguém a ouvir.
A própria Câmara Municipal de Viana do castelo apresentou em 2003 um projecto de recuperação, para sem implementado em 2004. Estamos em 2007, a caminho de 2008 e o monumento está como as imagens o demonstram.

A melhor maneira de destruir um povo é eliminar qualquer referência às suas raízes históricas. O menir de Santa Margarida, a mamoa de Afife, a cividade de Afife, o Museu de Arte Popular. São exemplos a mais para dizermos que é puro desleixo. Devagar e paulatinamente, a classe política encarrega-se de destruir a alma Portuguesa e com ela a própria Nação Lusitana.

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