Há 20 anos atrás, o Bairro Alto era a imagem de um Portugal dinâmico e que acreditava no futuro. Ali inovava-se, mesmo se muita desta "inovação" não passava de um pacote "chave na mão" que vinha de Madrid ou de Londres, mostrava um país que olhava para diante, reflectindo muito do que a Sociedade Portuguesa de então pensava.
Hoje resta pouco ou nada desses tempos, o Bairro Alto está sujo, degradado, cheira mal e não tem uma parede livre dos imundos gatafunhos prosaicamente chamados de "Grafitis" e andar nas suas ruas é um desafio, arriscando um transeunte a escorregar num dos milhares copos de plástico que cobrem o chão ou a sujar os sapatos num resto de vomitado.
No fundo o Bairro Alto acompanhou os tempos. Ao optimismo dos anos 80 sucede a ressaca do Século XXI e hoje em dia, tal como o país se vai inexoravelmente perdendo importância, gerido por uma classe política rasca, incompetente e corrupta, o Bairro também se vai degradando lentamente, os seus frequentadores abandonam-no, restando apenas a ralé, que sem dinheiro no bolso se diverte fazendo gatafunhos na parede no intervalo entre "minis", tentando obter uns cobres para a sua quarta, comprada a um dos inúmeros traficantes, espécie actualmente em franco desenvolvimento.
No Bairro de hoje em dia, apenas existe um raio de luz. O Antigo e quase em ruínas Convento dos Inglesinhos está hoje recuperado e resplandecente. Mas não vai ser suficiente para recuperar o bairro, a "racaille" detesta coisas novas e nesse aspecto até é apoiada por antigos "chupistas" do subsidio cinematográfico, preferindo viver na "Cloaca Máxima" que o bairro se tornou, a voltar a viver num Bairro dinâmico e voltado para o futuro.
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