Igreja do Santo Sepulcro - Cúpula do Coro Grego
Para um Português, habituado apenas à liturgia católica, o Santo Sepulcro é uma revelação e uma surpresa. A sua planta não se compara com nenhuma outra do mundo cristão. O seu interior é mal iluminado o que o envolve numa penumbra quase fantasmagórica aumentada pelas centenas de peregrinos anónimos que por ele cirandam e oram. Construído sobre uma pedreira, o Santo Sepulcro é um autêntico labirinto com vários níveis, correspondentes a antigas grutas, hoje transformadas em capelas. Todavia o Sepulcro Sírio, nas traseiras da rotunda, continua a ser uma simples gruta de paredes enegrecidas pela luz das velas, onde se encontram vários nichos funerários, característicos do judaísmo de há 2000 anos atrás. O sepulcro sírio é um dos 3 existentes, existe ainda o sepulcro copta, afastado cerca de 1 metro da capela que as restantes confissões consideram ser o local do túmulo de José de Arimateia, onde Cristo foi sepultado.
Igreja do Santo Sepulcro - Entrada do Sepulcro de Cristo
O dia ideal para visitar o Santo Sepulcro é a Sexta-Feira, dia da morte de Cristo. A partir das 4 da tarde, sucedem-se as vias-sacras. A católica é a primeira, e é a única que percorre a totalidade da Via Dolorosa, quando chega à 14ª, a penumbra da rotunda desaparece e fiat-lux, é como se o dia nascesse.
Após as orações a procissão franciscana desaparece e volta a penumbra. Retorna a confusão com o reinício das visitas dos peregrinos. Mas é sol de pouca dura. Subitamente ecoam pela penumbra cânticos numa língua estranha, vindos não se sabe de onde, um grupo de frades liderados por uma figura em vistosos trajes orientais avança em passo apressado. A fechar o cortejo, uma outra figura com trajos de brocado vermelho e dourado com uma tiara na cabeça.
Após as orações a procissão franciscana desaparece e volta a penumbra. Retorna a confusão com o reinício das visitas dos peregrinos. Mas é sol de pouca dura. Subitamente ecoam pela penumbra cânticos numa língua estranha, vindos não se sabe de onde, um grupo de frades liderados por uma figura em vistosos trajes orientais avança em passo apressado. A fechar o cortejo, uma outra figura com trajos de brocado vermelho e dourado com uma tiara na cabeça.
Igreja do Santo Sepulcro - Via Sacra Arménia
São os arménios, representantes do primeiro país que abraçou a fé cristã, 100 anos antes de Teodósio ter decretado o cristianismo como religião oficial do Império romano, atirando para o esquecimento o politeísmo romano. Sempre em passo forçado, fazem a sua via-sacra entoando em cada estação orações cantadas. Desaparecem na penumbra tão rapidamente quanto apareceram.
Igreja do Santo Sepulcro - Gólgota
Seguem-se os gregos. Aqui impera a austeridade. Dois padres de negro vestidos pedem aos peregrinos que se mantenham em respeito. Não entoam cânticos, mas rezas e ladaínhas intermináveis. No Golgotá durante a oração grega chega um grupo de Turistas americanos, falam alto, apontam o dedo quase invadindo o altar. Dos olhos do padre grego sai um olhar de ódio, lentamente e sem nunca a interromper passa a reza ao colega e dirige-se aos Turistas, gritando, num inglês macarrónico “Be quiet, don’t you see this is a holy place”. Onde me encontrava não consegui assistir à cena, apenas pude ouvir um gringo a dizer “This guy is nuts” e o ruído característicos de dezenas de passos a descer apressadamente a escadaria do Calvário. O padre volta, agora com um olhar imperturbável e retoma a oração como nada se tivesse passado.
Foram 5 horas passadas dentro deste lugar santo e ... ainda ficou muita coisa para ver.
Foram 5 horas passadas dentro deste lugar santo e ... ainda ficou muita coisa para ver.
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