23 de agosto de 2005

ESPERANDO POR SÃO PEDRO

No Domingo à noite, e pela primeira vez na nossa história um incêndio florestal entrou dentro de uma capital de distrito, cercando um hospital e destruindo dezenas de casas. Isto não se passou numa cidade qualquer, foi em Coimbra, terceira cidade do País. Uns dias antes um incêndio tinha aproximado de outra capital de Distrito (Viana do Castelo) quase atingindo o hospital distrital, cuja evacuação esteve a momentos de ser realizada.

Os incêndios no Minho - 21 de Agosto 2005

Nas notícias, limitavam-se (até ontem) aos termos politicamente correctos de “Circunscrito” “não circunscrito”, para evitarem dizer “impossível de incontrolável”. Nas notícias falavam apenas de dez a quinze fogos. No satélite Modis Rapid Response System da Nasa (link), que detecta automaticamente os incêndios, assinalava no Domingo às 13h30, CENTENAS de incêndios em Portugal.

Portugal - 21 de Agosto 2005 - 13h30 UTC - As linhas amarelas limitam a nuvem de fumo

Nos jornais, apenas aqueles rotulados de Populares, colocavam em Manchete os Incêndios. Para o Elitista “Público”, parecia que não havia incêndios em Portugal, apenas hoje a primeira página continha uma referência à crise que Portugal vive desde o início de Julho.
Que diferença, quando comparamos as reacções da imprensa quando em 2003, uma capital de concelho, Oleiros, foi invadida por um incêndio florestal. Nesse ano, jornal que se queria jornal, crucificou em praça público todo o governo de então, no que foi demagogicamente acompanhado pelos partidos da oposição, com particular destaque para o PS, que através do seu líder Ferro Rodrigues, pedia
uma reunião extraordinária da Assembleia da República, a 4 de Agosto visitava alguns dos concelhos mais fustigados pelas chamas na zona centro e em Proença-a-Nova considerou inadmissível o Parlamento estar fechado para férias quando o país atravessa um momento tão trágico.
Hoje é o que se vê. Estamos perante o velho ditado “Quem com o fogo mata, pelo fogo morre”.

O PS passa está agora na mesma situação que esteve o PSD/CDS em 2003, mas com a agravante de não nos termos esquecido daquilo que os protagonistas de hoje, então disseram.
Ontem e pela primeira vez o Primeiro-Ministro José Sócrates aproximou-se de um incêndio. Uns dias antes Durão Barroso tinha feito o mesmo, mas o país só soube através da France-Presse.
Ontem José Sócrates demonstrou aquilo que o país já suspeitava. A estratégia do governo resume-se a …

ESPERAR POR SÃO PEDRO.

Portugal - 23 de Agosto 2005 - 11h45 UTC - As linhas amarelas limitam a nuvem de fumo

As imagens deste postal foram cedidas gentilmente por MODIS Rapid Response Project at NASA/GSFC

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