Confesso que nunca gostei de Miguel Sousa Tavares. Passo sempre em diagonal pelas suas crónicas, tentei ler o seu livro "Equador", mas quando nele li que "O mundo" era um jornal monárquico, e ouvi o autor dizer na TV que muitos investigadores tinham trabalhado no Livro, para que este históricamente preciso, arrumei-o numa prateleira onde ainda hoje se encontra. As suas intervenções na TVI são um chorrilho de lugares-comuns, ao alcance de qualquer Português minimamente instruído.
Mas nem tudo são senãos em Miguel Sousa Tavares, o seu artigo de opinião no Público de hoje é excepcional e recomendo vivamente a sua leitura.
"Portugal não é, nunca foi, um país de homens livres, de homens verdadeiramente amantes da liberdade, para quem a liberdade seja tão importante como poder respirar. A grande e púdica mentira em que temos vivido nos últimos trinta anos é a de ter acreditado, ou fingido acreditar, que no dia 26 de Abril de 1974 éramos todos pela liberdade. Desgraçadamente, nesse longínquo dia, não era "a poesia que estava na rua", mas sim a hipocrisia. A liberdade não se encontra ao virar da esquina - conquista-se, merece-se e alcança-se, por si próprio e individualmente, com riscos e com perdas, e não a coberto da protecção fácil das multidões ou das leis."
8 de outubro de 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário