"[...]E por toda a costa portuguesa a pesca rareia. Como temos o condão de estragar tudo, empobrecemos as populações da beira-mar,para enriquecer meia dúzia de felizes. Cultivar o mar é uma coisa - é ofício de pescadores; explorar o mar é outra coisa- é ofício de industriais.[...]Como morrem (Os pescadores) dizia-o, muito melhor do que eu, o velho cemitério da Póvoa que já não existe. Ia-se passando de túmulo em túmulo e lia-se sempre:
- António Libó, morto no mar;
- Francisco Perneta, morto no mar;
- José Mouco, morto no mar...
Donde a onde havia uma redoma de vidro com alguns ossos brancos e mirrados que tinham dado à costa. E depois, seguiam-se os letreiros - sempre! sempre! -Domingos Regoiça, morto no mar; josé Monco, morto no mar...
Todos eles vivem no mar - e morrem no mar."
Raul Brandão - Sobre os Poveiros in "Os pescadores"
Em memória dos 6 Bravos da Póvoa que pereceram hoje ao largo de Aveiro
19 de outubro de 2004
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