"Um país sem passado é um país sem futuro"
A memória de uma nação é o melhor alicerce para o seu futuro. Negar a história é promover a longo prazo a negação do país. Esquecer o passado é fazer com que no futuro todo o país não tenha amor-próprio e se sinta perdido, sem coragem, sem chama e sem força para preparar o futuro. Portugal caminha, se é que já lá não chegou, a este estado de torpor. Mas se ainda não chegamos, para lá caminhamos a rápidos passos largos.
Em conversa com uma descendente de um grande político republicano, fiquei a saber, com choque e espanto que todo o seu espólio doado ao Município de que foi, durante largos anos, presidente foi pura e simplesmente "perdido".
Neste preciso momento a fábrica Bordalo Pinheiro das Caldas da Rainha está em processo de falência. Um jornal afirmou que os moldes das peças de cerâmica feitos pelo próprio Rafael Bordalo Pinheiro ainda existem no armazém da fábrica. Como é usual, ninguém no alegado ministério da cultura deve estar preocupado com isso.
Cito estes dois exemplos “republicanos”, como poderia citar o estado do Convento de Cristo, da Igreja de São Vicente de Fora ou da Catedral de Silves, porque para mim a historia é história, quer se goste do que ela representa ou não. O património histórico tem de ser preservado independentemente do que possamos pensar ou opinar sobre o seu significado.
Enquanto o património se perde ou se degrada o governo pensa em comemorar a republica a gastar milhões num terminal de contentores em benefício exclusivo de uma empresa e num mal explicado novo museu dos coches, sem no entanto cuidar do restauro dos próprios coches, nem sequer dos fabulosos picadeiros reais onde actualmente se encontram.
Também publicado no Centenário da Republica.
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