26 de junho de 2006

OPEL



Porque vai a Opel embora?
Porque vai para Espanha e não para o Leste ou para a China?

A General Motors
A GM, proprietária da Opel desde os anos 30, encontra-se a atravessar a maior crise da sua longa história. Espera-se que em 2006 a GM deixe de ser, pela primeira vez em 80 anos, o maior construtor mundial, lugar que vai ser ocupado pela Toyota.
Em 2005 a GM despediu 30 000 trabalhadores nos Estados Unidos, 12 000 na Europa.(695 em Saragoça) Neste ano de 2006, 1000 em Ellsmere Port (Inglaterra), 1000 em São José dos Campos (Brasil). O espectro do encerramento paira sobre Ellsmere Port e Bochum (Alemanha).

Azambuja vs Saragoça
A fábrica da Opel na Azambuja não é, ao contrário da Auto-Europa, uma fábrica vertical integrada. Neste tipo de fábricas, entram rolos de chapa e componentes e saem automóveis completos.
Na Azambuja, não existe sala de prensas, onde é fabricado o corpo do automóvel (Body). A baixa capacidade de produção (200-300 Viaturas) não justifica o avultado investimento necessário. Por este motivo o corpo da viatura fabricada na Azambuja vem de uma outra fábrica. Por este motivo a fábrica da Azambuja é uma fábrica satélite de Saragoça, o modelo fabricado em Portugal é o Opel Combo, que é um derivado do Opel Corsa, fabricado em Espanha e que com ele partilhe pelo menos 95% de componentes.
O corpo da viatura é prensado em Saragoça e enviado conjuntamente com todos os componentes é enviado por camião para ser montado na Azambuja.

A fábrica de Saragoça, tal como todo o grupo General Motors encontra-se em dificuldades e labora abaixo da sua capacidade. Esta fábrica possui 8000 trabalhadores, que faz dela uma fábrica muito grande, mesmo pelos padrões europeus. Para além do Opel Corsa a fábrica de Saragoça monta também o modelo Meriva.

A fábrica de Saragoça é uma das mais produtivas do grupo GM, tão produtiva que a própria GM transferiu a fabricação de um modelo do Brasil para Espanha, modelo este destinado ao mercado Mexicano, e despediu cerca de 1000 trabalhadores em São José dos Campos (SP).
Mesmo assim no ano de 2005, a continuidade da Opel em Saragoça esteve em dúvida, no entanto o governo Espanhol, os sindicatos, a comissão de trabalhadores e a administração da GM sentaram-se à mesa e no final do ano o espectro do emagrecimento desvaneceu-se. A GM vai investir 400 milhões de euros e garante a montagem das novas versões do Corsa e Meriva. Isto foi possível graças a um acordo social no qual, entre outros, os aumentos salariais ficam indexados à inflação (IPC). Postura muito diferente da tomada pela comissão de trabalhadores da Azambuja que, aproveitando uma grande encomenda dos Correios Ingleses de Opel Combos, realizou uma greve de mais de uma semana exigindo 75 € de aumento (>10% para a maioria dos trabalhadores.

É certo que não é só por culpa dos trabalhadores que a fábrica da Azambuja encerrará as suas Portas, mas que a sua postura ajudou, lá isso ajudou.

Por outro lado é triste ver quem no ano passado rejubilou com uma "vitória contra o capital" venha, agora que vê o chão a fugir debaixo dos pés, propor medidas perfeitamente descabidas como comprar uma prensa (que vale milhões e não pode ser amortizada) ou usar equipamentos de uma empresa concorrente mostra a total irresponsabilidade daqueles que tinham por missão defender os interesses de 1200 trabalhadores.

Nem vale a pena comentar as “demarches” de Sócrates e de Manuel Pinho, são tão caricatas quanto a do presidente da comissão de trabalhadores.

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