14 de junho de 2006

Milhões para quê

Competiria ao estado definir, em conjunto com os parceiros sociais, um plano estratégico para o desenvolvimento de Portugal. Este plano deveria definir as apostas a fazer, as quais definiriam, por sua vez, onde gastar os fundos, como os gastar e quanto gastar.

Nada disso foi feito. Os fundos foram olhados como o "Ouro do Brasil II", serviram para betão e alcatrão e milhares de milhões foram enterrados em projectos sem futuro. A produção têxtil por exemplo, que em 1985 já se sabia não ter futuro, recebeu milhões, com resultados práticos confrangedores.
Tal como em 1985, a cor das águas do Ave e Cavado continua a ser a melhor fonte de informação sobre as cores da moda que há de vir. Os operários continuam mal pagos e não sabem mais que atar fios. A indústria continua a laborar no mesmíssimo mercado de antanho, o da sub-contratação ao mais baixo custo.

Os fundos europeus, com muito poucas excepções, não foram mais que umas “quartas de heroína” dadas a um drogado em carência, alivia mas não resolve o problema.

Agora anunciam 19 mil milhões de euros para os próximos 7 anos (2007-2013). Cerca de Um milhão de meio de contos por dia.
Para quê?
Para que alguns políticos do bloco central que são membros de centenas de conselhos de administração ao mesmo tempo, esfreguem as mãos de contente com os milhões que vão garantir às “suas” empresas, as quais por sua vez “financiam” os sôfregos cofres partidários?
Tal como em 1986, não se vislumbra qualquer plano, qualquer estratégia, nenhuma visão de longo prazo. O país, tal como a maioria das empresas, são geridas como um navio em “Navegação à vista”, que, nos dias que correm é a rota certa para o desastre.
Os milhões da Europa são vistos como a luz ao fundo do túnel, é para gastar, depois logo se verá.
Neste deserto de ideias apenas se vê a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento regional do Norte (CCDR-N) a pensar o futuro, mas será que existirá alguém suficientemente lúcido para os escutar e compreender?

Não é exercício de futurologia o que o Rui do Blasfémias afirma – “Daqui por seis anos, o mais provável é já termos sido ultrapassados pela quase totalidade dos novos membros da União. Roménia e Bulgária, membros de pleno direito a partir de 1 de Janeiro de 2007, incluídas.” – é que a manter-se o estado actual é o único cenário possível!

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