28 de maio de 2005

Torres de Refrigeração

No mesmo postal que o BOS escreveu sobre o nuclear, fizeram-se comentários sobre torres de refrigeração, como sendo uma característica intrínseca de uma central nuclear. Nada de mais errado.


Na figura está representada um esquema de funcionamento de uma central térmica(Clicar para aumentar). Este esquema é independente do combustível utilizado para gerar o calor (Carvão, Fuel, Gás natural, Urânio enriquecido). A água é aquecida numa caldeira/reactor, passa ao estado de vapor sobreaquecido, que depois é expandido numa turbina. Esta expansão impulsiona a turbina, a qual está acoplada a um gerador de corrente alterna. Após a passagem na turbina, o vapor passa por uma serpentina e condensa, sendo então água bombeada para a caldeira, reiniciando-se o ciclo. Esta água é destilada/desmineralizada e não sai do sistema, as suas perdas (Pequenas) são compensadas com água nova injectada antes da caldeira.
A água usada para a condensação, é captada no meio envolvente (Mar, Rio) e bombeada para a serpentina de condensação. Nesta operação a água de refrigeração aquece (60-70º) e a legislação impede que seja deitada imediatamente ao meio de onde foi captada, pois a sua temperatura mataria a fauna. Por este motivo passa por uma torre de refrigeração, que possui um esquema assaz simples de funcionamento.

A torre, estrutura de betão armado em forma parabólica assenta em pilares e esta aberta na sua base, é completamente oca no seu interior, o vento ao passar no topo da torre, provoca uma depressão no seu interior, criando assim uma corrente de ar ascensional que puxa o ar do exterior, na sua base. A cerca de 10 metros de altura, a água quente é pulverizada em chuveiro e o encontro desta com a corrente de ar frio em ascensão, arrefece água quente, ocorrendo a libertação de vapor de água para a atmosfera, o qual sai pelo topo da torre. A água arrefecida é encaminhada para o meio de onde foi captada.
A entrada do ar frio pela base da torre é feita naturalmente, no caso do Pego do Altar, ou por ventiladores no caso da nova termoeléctrica do Ribatejo, no Carregado. O motivo desta última opção prende-se com o facto de com ventilação natural, as torres teriam que ter o dobro da altura, e no Carregado isso não é possível devido às servidões aéreas da Ota, Alverca e Portela.
O tamanho das torres está dependente da potência de uma central. Apenas recentemente a tecnologia das centrais térmicas convencionais permitiu a construção de centrais tão potentes que não podiam dispensar este tipo de refrigeração. A central do Carregado, que é a mais antiga em funcionamento arrefece a água de refrigeração através de umas cascatas ao ar livre. A central de Sines, a mais potente do país, como possui muito espaço, usa lagoas para esta operação. As centrais térmicas convencionais e nucleares na antiga Europa de leste, são construídas no meio de povoações e a água é usada no aquecimento das casas (A legislação ambiental ocidental proíbe esta solução em grandes centrais, estando esta solução limitada a mini centrais térmicas).

A torre de refrigeração está associada à energia nuclear pois estas foram as primeiras centrais com uma elevada potência eléctrica que não podiam dispensar este tipo de equipamento.

Na foto acima, a cúpula visível no edifício é o reactor nuclear

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