18 de novembro de 2008

Quando ideias pré-concebidas afectam o julgamento

Á esquerda e á direita, as ideias pré-concebidas tolhem o espírito, impedindo uma análise crítica a coisas tão simples como uma simples "literatura" de um medicamento.


Efectivamente é uma desigualdade, mas não no sentido em que está a pensar.
Desigualdade sim, mas fruto de mutações genéticas. 

Sabe-se desde há muito que a prevalência da Hemoglubina C é muito maior nas populações negras que nas populações de outras raças, onde a Hemoglunina A é dominante quase a 100%.

Antes que um apoiante do SOS Racismo faça queixa de mim ao Sr. Procurador, por dizer que os negros têm uma hemoglubina de 3ª classe, clarifico que a hemoglobina C, que nos não-negros provoca a anemia hemolítica, é ao mesmo tempo, uma variante que resiste a formas agressivas de Malária, bastante endémicas em África desde tempos imemoriais. A prevalência desta mutação nos negros é assim fruto do processo evolutivo que permitiu, numa zona do globo a sobrevivência de seres humanos, ao passo que noutras zonas do globo, seres humanos com a mesma mutação, pura e simplesmente não vingaram.

Mas voltando ao COZAAR. Uma rápida pesquisa no Google, permite-nos chegar ao relatório da FDA que aprovou o medicamento

Race: In the LIFE study, Black patients treated with atenolol were at lower risk of experiencing the primary composite endpoint compared with Black patients treated with COZAAR. In the subgroup of Black patients (n=533; 6% of the LIFE study patients), there were 29 primary endpoints among 263 patients on atenolol (11%, 26 per 1000 patient-years) and 46 primary endpoints among 270 patients (17%, 42 per 1000 patient-years) on COZAAR. This finding could not be explained on the basis of differences in the populations other than race or on any imbalances between treatment groups. In addition, blood pressure reductions in both treatment groups were consistent between Black and non-Black patients. Given the difficulty in interpreting subset differences in large trials, it cannot be known whether the observed difference is the result of chance. However, the LIFE study provides no evidence that the benefits of COZAAR on reducing the risk of cardiovascular events in hypertensive patients with left ventricular hypertrophy apply to Black patients.

Ou seja, oque a literatura afirma é que no estudo científico associado não se notaram benefícios nos doentes negros. Não existindo tendo o estudo fornecido uma explicação para esse facto, podendo, o resultado, ser fruto de um mero acaso.
Mesmo não havendo uma explicação científica para este resultado, o mesmo deve ser referido na sua literatura. Pelo menos até novos estudos o expliquem.

Não há nada de racismo nisto.

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