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Sábado em Matosinhos às 22h00
Este é provavelmente o prémio literário mais justo dos últimos tempos. José Agostinho Baptista é um poeta que nunca se vergou ao "establishment" e nunca procurou as luzes da ribalta em pontas dos pés como muitos.
José Agostinho limitou-se a escrever e bem, a sua bela poesia.
Neste país de grupinhos nojentos que ostracizam quem não lhes dá a importância que não têm, este prémio é uma grande lufada da ar fresco!
Sou apenas um homem entre as lápides.
E, quando os mortos murmuram o meu nome,
digo simplesmente que estou aqui,
acendo as velas,
rezando outra vez, com palavras humildes,
nos altares destruídos.
Excerto do Poema "Sou apenas um homem" do Livro premiado "Esta voz é quase o vento"
Um dos primeiros textos deste blog, foi um poema de José Agostinho, dedicado a um amigo comum - Eduardo Guerra Carneiro , homem de letras também que recentemente nos tinha deixado tragicamente. Eduardo, onde quer que esteja também deve estar a celebrar.
Luanda - Vista do musseque "Roque Santeiro" - Steven Le Vourch
Apenas a estrada, e alguns coqueiros conseguiram sobreviver, a praia e a bela paisagem desapareceram, assim como o paraíso.
No meio deste lixo ergue-se um erecto obelisco, qual foguetão que nunca chegou a descolar, o túmulo do cirrótico-mor de Angola - Agostinho Neto
No Google Earth pode-se apreciar a extensão do desastre. A linha amarela representa a linha de costa em 1961. A ilha de Luanda só o é de nome, hoje estende-se vários quilómetros para norte e pensa-se que em breve chegará à zona do Porto de Luanda. Quando isto acontecer, a Baia deixará de o ser, passando a ser um mero lago cheio dos esgotos de uma cidade de 3 milhões de habitantes.