25 de maio de 2005

Nuclear? Não, obrigado! (2ª Parte)

O principal problema da opção nuclear, reside na persistência da radioactividade por vários milhares de anos. A eliminação dos resíduos era feita até à 15 anos atrás, através da sua colocação no fundo do mar, perto das nossas costas e longe dos países produtores. A União Europeia, por proposta espanhola quis fazer um depósito subterrâneo na margem esquerda do Douro, em frente a Miranda do Douro. A oposição de Portugal, tendo por bandeira a nossa não opção pelo nuclear, fez a EU recuar. Neste momento existem três maneiras de armazenar os resíduos nucleares:
Armazenados nas próprias centrais – mas o espaço é finito.
Pagar a um ditador corrupto de um pais Africano e enviar às escondidas, os resíduos dentro de um contentor para serem abandonados nesse país.
Fazer ogivas de granadas para serem disparadas no Iraque, Bósnia ou qualquer outro país, numa guerra, inventada ou não, mas sempre longe do país de origem. – Solução usada pelos Estados Unidos com grande sucesso.

Ou seja neste momento não existe solução viável e segura para manter os resíduos em local seguro durante os milhares de anos necessários.

Mas a persistência da radioactividade é o verdadeiro búsilis da questão. Nos anos 70, quando se começou a planificar o fim-de-vida das centrais nucleares, os planificadores e técnicos aperceberam-se da verdadeira bomba relógio que criaram. No caso de uma central térmica, uma vez terminado o seu ciclo de vida, basta uma máquina de Oxi-Corte para a desmontar e ela desaparece em três tempos. No caso de uma central nuclear, não! O reactor e o seu núcleo só podem ser abertos e acedidos, uma vez dissipada a radiação. Tal facto só acontece passados 20 000 anos.
Falando claro, uma central nuclear, só pode ser desmontada ao fim de 20 000 anos de existência, durante esse tempo todo, o edifício tem de ser mantido em condições óptimas, pois um fissura coloca em risco a zona envolvente num raio de 100 Km.
Os edifícios mais antigos do mundo (As pirâmides) possuem 4 500 anos, e não se encontram em boas condições, a engenharia mundial, não sabe, neste momento, como garantir que um edifício se mantenha em boas condições durante este tempo.

A solução realizada em Tchernobyl – Sarcófago de Betão – não resolve, apenas adia. Este sarcófago apresenta, passados 15 anos, fracturas preocupantes, obrigando a um trabalho constante de manutenção. Um sarcófago de betão bem feito apenas adia o problema por 70 – 100 anos.
Um outro aspecto técnico que os engenheiros nucleares não contavam, é o estado do revestimento interior dos reactores nucleares. Estes ao serem construídos em metal, necessitam de um revestimento de protecção anti-corrosiva (Vulgo Pintura). Os Materiais usados, são tintas à base de Siloxanos, que conferem uma garantia à corrosão de 25-30 anos, sendo os períodos de reparação de pintura de cerca de 50 anos.
Só que no caso dos reactores nucleares, a repintura não é possível – e passados 50-100 anos após o seu encerramento, os reactores podem colapsar devido à corrosão, colapsando assim o edifício da central, criando uma fonte de emissões radioactivas para a atmosfera.
Estas situações fizeram com que no final dos anos 70 o planeamento e a construção de novas centrais fosse suspensa no mundo ocidental, suspensão essa que ainda dura, pois estes problemas técnicos ainda não têm solução.
Ao optar pela energia nuclear, Portugal vai, novamente, apostar numa óptica de curto-prazo, pois dá dinheiro fresco a construtores-civis (espanhóis, muito provavelmente) financia os fornecedores estrangeiros de tecnologia nuclear (Americanos e franceses), dá emprego de trolha a muitos cidadãos nacionais e fica bem no retrato europeu, ao atingir as metas de poluição definidas por um qualquer “burrocrata” de Bruxelas.
Problemas!!!. Isso é coisa para os nossos netos e bisnetos eles que se amanhem.

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