25 de maio de 2005

Nuclear? Não, obrigado! (1ª Parte)

Este meu grande amigo discorreu, a propósito de um postal de um amigo comum, sobre os benefícios de uma aposta portuguesa na energia nuclear.
Em vários aspectos concordo com a sua postura, mas BOS, licenciado em Direito, desconhece, tal como a grande maioria, incluíndo os "ecologistas", os verdadeiros motivos que levaram à suspensão da construção de centrais nucleares no mundo ocidental (Na realidade, hoje em dia, apenas quem quer ter armas nucleares é que investe nesta tecnologia) e tais motivos tiveram pouco a ver com as pressões dos ecologistas e restante sociedade civil, o problema é técnico e neste momento ainda não tem resolução.
Mas vamos primeiro aos benefícios.
É certo que a operação normal de uma central nuclear é ambientalmente menos poluente que as outras formas de geração de energia, seja a geração térmica convencional ou hidroeléctrica, solar ou eólica, não têm, nem terão grande expressão.
Uma central nuclear no campo do Gerez, com a mesma potência do sistema hidroeléctrico do Cavado-Rabagão – 450 MW (Barragens da Caniçada, Salamonde, Venda Nova, Paradela, Alto-Rabagão, Alto-Cávado e Vilarinho das furnas), teria menor impacto ambiental que as 7 barragens, cujas albufeiras alteraram drasticamente o clima da região, para já não falar no impacto na fauna piscícola dos três rios (Cavado, Rabagão e Homem).
A substituição das centrais térmicas (+50% da electricidade gerada) e sobretudo as que funcionam a carvão (Sines e Pego do Altar) – responsáveis por 30% da energia gerada em Portugal, permitiria diminuir assustadoramente os níveis de poluição emitida por Portugal para a atmosfera. As Poluição emitida pela central de Sines, para a atmosfera em 2002 foi de:
Dióxido de carbono – CO2 – 8 530 000 ton.
Óxidos de Enxofre – Sox – 39 400 ton
Óxidos de Azoto – Nox – 21 400 ton
Partículas – 1 740 ton
Monóxido de carbono – CO – 870 ton
Metais pesados (Cádmio, Chumbo, Mercúrio, Níquel, etc) – 1000 Ton
Valores estes que a transformam no estabelecimento mais poluidor da Europa, em termos absolutos. (fonte: European poluttion emissions register)

O BOS, erra clamorosamente na questão da circulação automóvel, esta é tal como ele diz, a principal fonte de poluição atmosférica (70% – 80%), mas misturar circulação automóvel com geração de energia eléctrica, é profundamente incorrecto, pois são eventos totalmente independentes, pois o investimento em centrais nucleares não tem qualquer reflexo na circulação automóvel.

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