29 de abril de 2006

Carta aberta

Por ser um problema que se arrasta nesta país há muitos anos, e por, até agora, pouco ou nada se fez, publico aqui a carta aberta ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, enviada por Manuel João Ramos.

Exmo. Senhor
Prof. António Carmona Rodrigues
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Exmo. Senhor.
Como V. Exa. deverá já ter conhecimento, uma menina de 8 anos, de nome Rafaela, foi ontem atropelada mortalmente quando atravessava a Av. de Ceuta, numa passadeira.
Lamentavelmente, esta tragédia não é, nem para nós nem para V. Exa., nem para a maior parte dos lisboetas, surpreendente.

Esta era uma morte temida, mas esperada.

Dir-se-á: o motorista de táxi deveria ter circulado com precaução.
Dir-se-á: é necessário colocar ali radares de controlo da velocidade e criar medidas de acalmia de tráfego.
Perguntamos nós: quem foram os políticos e os técnicos da autarquia de Lisboa responsáveis pela construção de duas urbanizações gémeas cortadas por uma via rápida com mais de 30 metros de largura?
E perguntamos nós ainda: será que os políticos e técnicos hoje responsáveis pela gestão do trânsito da cidade dormiram tranquilamente até hoje, sem ter resolvido urgentemente a situação de absoluta insegurança dos peões que atravessam a Av. Ceuta?


É que não era necessário proceder a estudos de identificação de pontos negros. Os moradores da zona já tinham, por diversas vezes alertado a CML para o perigo daquela travessia. A ACA-M, na sua campanha “Vamos acabar com os pontos negros”, já tinha enviado requerimentos à CML, pedindo a resolução do problema.

É terrível constatar que as autoridades só costumam agir sobre os pontos negros que criam depois de alguém neles falecer e de a comunidade exprimir a sua comoção. Não deveria ser esta a postura dos políticos ou dos técnicos face aos cidadãos que se comprometeram servir.
Mas mais inaceitável é mesmo não agir imediatamente sobre uma situação de risco, para prevenir novas tragédias.


Por isso, quando faleceram duas jovens na Av. 24 de Julho, em Novembro passado, a ACA-M veio pedir celeridade na resolução de um problema criado pela autarquia, ao licenciar bares de divertimento nocturno nas bermas de uma via rápida.

Por isso, vimos hoje pedir assunção de responsabilidades, celeridade na busca de medidas provisórias e coerência na elaboração de medidas definitivas para a resolução do ponto negro que é a travessia entre os Bairros do Cabrinha e do Loureiro.

Neste sentido, vimos convidar V. Exa. a deslocar-se connosco à Av. Ceuta para a atravessar – como peão – na passadeira fatídica, no dia 4 de Maio, às 11 horas, para ficar a conhecer o conjunto de propostas de acalmia de tráfego que pretendemos apresentar nesse dia, numa conferência de imprensa que iremos convocar para o local, e para depositar connosco uma coroa de flores nas imediações do local da tragédia.

Confiantes que V. Exa. será sensível à bondade deste convite, solicitamos que nos contacte, para o n.º 919 258 585, para informar da sua decisão de o aceitar, ou não.

Com os melhores cumprimentos
Manuel João Ramos
Direcção da ACA-M


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