8 de agosto de 2009

Adeus Raul (Dom Roberto) Solnado

Morreu Raul Solnado, um gigante das artes cénicas de Portugal.

Um pouco por toda a imprensa e blogoesfera ecoam lembranças de Solnado, mas todas elas apontam sempre para a sua faceta humorística , que era excelente (Nenhum humorista de hoje ainda lhe conseguiu chegar aos calcanhares). Para trás, infelizmente ficou o Raul Solnado, o excelente actor dramático.
A geração da minha idade apenas teve a oportunidade de ver esta faceta no Filme de Fonseca e Costa "A balada da praia dos cães", onde Solnado intrepreta magistralmente a figura do chefe de brigada da PJ, Elias Santana.

Para trás e para o esquecimento fica a sua maior intrepretação. O
João Barbelas (Dom Roberto), um filme de José Ernesto de Sousa, realizado em 1962 em produção totalmente independente.
Neste filme realista, Solnado intrepreta o papel de um manipulador de marionetas ambulante, que calcorreia as ruas de Lisboa numa vida miserável que existia realmente na Lisboa dos anos 60.
O relato do filme é de uma vida de miséria onde os bons momentos são os sonhos irrealizáveis de João Barbelas e Maria (Glícinia Quartin) numa Marvila degradada e miserável, onte como aliás ainda hoje se mantém.
Para além de Solnado e Quartin, contracenam neste filme aqueles que viriam a ser a coluna vertebral do teatro português, Niculau Breyner, Rui Mendes e Adelaide João.



Apenas vi este filme uma vez na Televisão e não deveria ter eu mais de 12 anos, uma vez bastou para nunca mais o esquecer e para aprender que Raul Solnado, mais que um humorísta era na realidade uma grande, grande Actor.


Infelizmente na inteligentsia nacional, cinema Português está reduzido às comédias de António Silva e Vasco Santana e filmes como Dom Roberto, ou noutro registo distinto o Chaimite continuaram bem guardados nas prateleiras empoeiradas dos depósitos.


Á família, e em particular à neta que lhe segue os passos os meus mais sinceros pêsames.
A ler também o postal do José, na sua Porta da Loja

1 comentário:

João Amorim disse...

E como eu me ria dos seus personagens "militares", aquele sorriso único e tão comunicativo.

Obrigado por me lembrares o "D. Roberto".