30 de julho de 2007

Falar claro

Luís Coimbra, um dos melhores técnicos aeronauticos de Portugal dá hoje uma extensa e esclarecedora entrevista ao Diário Económico sobre as opções do novo aeroporto de Lisboa.
Até que enfim que alguém fala claro sobre esta questão.

Em 1972, estava decidido que a CTA teria de ser desactivada à data de abertura do então novo aeroporto de Rio Frio. No pós-25 de Abril, o primeiro Governo Constitucional do PS suspendeu esse projecto porque nas circunstâncias de então, de que se destaca a crise petrolífera de 73, o Governo, e bem, entendeu que as previsões de tráfego para o ano 2000, de 55 milhões de passageiros eram irrealistas. Daí, a suspensão do projecto e o seu adiamento. Nos anos 80, com e sem Conselho da Revolução, os planos oficiais eram para manter a CTA e para a ampliar, como viria a acontecer de facto, com um aumento da sua área para os actuais 7.500 hectares.

Quando é que surge a Ota no processo?
Perante esta irredutibilidade militar, o Engº Viana Baptista, então ministro dos Transportes do Governo AD deu luz verde aos famosos estudos da empresa norte-americana TAMS (1982), onde, pela primeira vez, a Ota foi abordada. E isto foi feito tal como até há dois meses, e porque se continuou a ter de lidar com a condicionante enorme de que a CTA se devia manter. Com este pressuposto, qualquer estudo de um novo aeroporto na margem esquerda do Tejo era inviável.

Mas, dois aeroportos não podem coexistir na área de Lisboa?
Em termos de planeamento aeroportuário de médio e longo prazo, a história do sector indica-nos, no mínimo, que tal não é desejável, e estamos a falar de capacidades para expansão aeroportuária de 50 milhões de passageiros por ano. Dou dois exemplos sintomáticos: estava previsto que o aeroporto de Milão – Linate fechasse, ficando apenas Malpenza renovada. Hoje, estão os dois a funcionar, porque as ligações ferroviárias em Milão não estavam concluídas no prazo, e Linate foi ficando aberto e hoje só serve as ligações intra-comunitárias, com Malpenza a funcionar para voos intercontinentais. Esta indefinição do poder político italiano terá sido uma das razões do problema de pré-falência permanente da Alitalia. O segundo exemplo, em Washington, é o “velho” aeroporto Ronald Reagan, que tem há 30 anos uma capacidade limitada entre os 14 e os 18 milhões de passageiros por ano.
Então a Portela + 1, +2, +3 é inviável?
É óbvio que é inviável, do ponto de vista económico e que só prejudicará as empresas de transporte aéreo portuguesas. Se o planeamento aeroportuário diz respeito a 50 milhões de passageiros, ou mais, e a Portela só irá aguentar um máximo limite de 16 milhões, mandaria o decoro técnico de falar “Novo Aeroporto + 1”.
Quer dizer que é crítico da posição defendida pela Associação Comercial do Porto?
O novo aeroporto de Lisboa tem sido ridiculamente tratado pelas chamadas forças vivas do Porto, como se fosse uma ameaça ao aeroporto Sá Carneiro. Já nos anos 90, por pressões desse teor, e na minha qualidade de assessor da Câmara Municipal de Alenquer para a revisão do PDM – Plano Director Municipal, pude verificar com estupefacção que nenhum acesso rodo ou ferroviário por norte à Ota estava previsto nessa revisão. Aliás, se são conhecidas as limitações de capacidade da pista de Pedras Rubras - menos de metade da capacidade da pista 03.21 do aeroporto da Portela -, se as “ajudas” a Lisboa dessas “forças vivas” fossem sérias, então, com o pensamento de médio prazo, a Associação Comercial do Porto já deveria estar a pensar num Pedras Rubras + 1, que seria, por absurdo, no aeródromo da Maia. Julgo ser de dispensar intervenções de carácter técnico-táctico…

27 de julho de 2007

Momento Musical



The Felt - Primitive painters

26 de julho de 2007

Que Vergonha

"We are a modern European country," "We voted 59 percent in favor of liberalizing abortion."

José Sócrates Pinto de Sousa ao New York Times

24 de julho de 2007

Cega é aquela que não quer ver

Uma coisa que sempre me fez confusão foram os trânsfugas do PCP do inicio dos anos 90.
Que espécie de gente é aquela que só se deu conta do embuste que era o comunismo do PCP após a queda do muro de Berlim.
Cegos?
Surdos?
Mudos?
Por isso antes de me dedicar a ler o livro de um desses trânsfugas (Zita Seabra) vou ler este livro de Silva Marques que rompeu com o PCP em 1970, para mais tarde tentar saber a razão da cegueira de Zita Seabra.

21 de julho de 2007

La censura

Revista apreendida hoje, 20/07/2007, em Espanha, por ordem de um Juiz. (via CLARO)

17 de julho de 2007

Barba e Cabelo

O Luís Novais Tito do Tugir, um dos melhores blogues de esquerda existentes, abriu uma Barbearia no blogoesfera.

Faço desde já a minha reserva para barba e cabelo, esperando sentar-me numa genuína Cadeira Pessoa e ser atendido pelo barbeiro com a barba mais mal feita do estabelecimento.

16 de julho de 2007

Frases do dia

[...] os abstencionistas, mesmo quando radicais de língua e alternativos de feitio, não são contra o sistema, eles são, o sistema, na sua melhor expressão. Nunca se embebedam de espírito cívico, porque são abstémios de civilidade.[...]
José António Barreiros

[...]Se os partidos dominantes não virem o cartão amarelo com que o povo os puniu, não vale a pena que um dos jogadores trate de roubar o cartão ao árbitro. Pior ainda se o roubo for levado a cabo pela equipa que organizou excursões de povo de Mirandela para uma excursão da terceira idade socialista a Lisboa, face à falta de entusiasmo dos alfacinhas.[...]
José Adelino Maltez

[..]Continuarei a lutar para que não se perca a herculana vontade de sermos portugueses com independência política e não apenas cultural, para regenerarmos esta pátria que tem de continuar a ser liberdadeira.[...]
José Adelino Maltez

A voz do Egipto


Elijah Zarwan é um jornalista sénior egipcio com um forte curriculum na defesa da liberdade de expressão. Nestes tempos difíceis, e sobretudo para nós que não conhecemos bem os problemas do médio oriente, importa conhecer as várias opiniões em confronto, antes de mandarmos "bitaites" ou "postas de pescada" sobre o assunto. Elijah Zarwan é alguém que sinceramente gosto de ler, e está de volta à net, pois estava proibido de nela escrever pelo Jornal onde trabalhava (Lá como cá).

Uma voz árabe que sinceramente recomendo.

O cinema da Ocupação

O Jansenista colocou um excerto do filme "La Romance de Paris" dos irmãos Prévert, onde o grande Trenet interpreta a canção com o título do filme, rodado em 1941 sob ocupação Alemã.
O Jansenista chama este facto de "curiosidade".

Mas na realidade, e ao contrário do que se poderia supor, é durante os anos de ocupação alemã que o cinema Francês produz verdadeiras obras-primas, uma unanimemente aclamada - "Les Enfants du Paradis" (1943-1944) e outra na minha humilde opinião "Les visiteurs du Soir" - 1942

Ambas a películas foram realizadas por Marcel Carné, sendo os cenários e diálogos da responsabilidade de Jacques Prévert.

Les Enfants é talvez um dos maiores filmes da História, e nele estão todos os grandes nomes do cinema Francês da Altura, a grande, grande Arletty, Pierre Brasseur (no excerto abaixo), Pierre Renoir e com música de Geoges Mouqué, na altura a viver na clandestinidade e que mais tarde assinará a música imortal"Les Feuilles mortes" sob um poema de Prévert.


"Paris est tout petit pour ceux qui s'aiment, comme nous, d'un aussi grand amour."
Mas em "Les Enfants du paradis" a "ocupação" está ausente do argumento, o que não se passa em "Les Visiteurs du Soir", filme que é uma evidente parábola à situação que a França vivia na altura, materializada na cena final na qual o Diabo (Alemanha) após transformar os dois apaixonados em estátuas os chicoteia pois o seu coração ainda bate.
Mesmo com uma crítica tão evidente ganhou o prémio para melhor filme Francês em 1942, o que não abona nada a favor da inteligência dos ocupantes e seus comparsas da água mineral, nomeadamente o Rei "Bufo" Brasillach e o seu infame "Je suis partout"

Em Portugal

As fotografias que se seguem não foram tiradas em Santa Comba. Foram tiradas em pleno Alentejo ... profundo


Sim no Alentejo, existe uma localidade que tem uma praça Dr. Oliveira Salazar, de onde sai, outra coisa não se esperava, a Rua General Carmona.

15 de julho de 2007

Eleições Intercalares

As eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa foram ganhas pelo futuro Primeiro-Ministro de Portugal.

Os Lisboetas estiveram-se a marimbar para estas eleições.

As excursões de Cabeceiras de Basto e Arco de Baúlhe, vindas a Lisboa para bajular o
futuro Primeiro-Ministro de Portugal foram o "momento Gato Fedorento" da noite. Uma evocação das manifestações espontâneas dos tempos Salazaristas.

Já consegui escrever 3 frases sobre estas eleições, o que é muito....

12 de julho de 2007

Quando a Varig era a Varig II



Piscando o olho à comunidade Japonesa

Quando a Varig era Varig



Sr. Cabral

9 de julho de 2007

The Sun always shines

Sábado começaram as Festas de San Fermin em Pamplona. O tradicional encerro dos touros pode ser acompanhado em directo na TVE internacional às 07h00 todos os dias.
A San Fermín pedimos
por ser nuestro patrón
nos guíe en el encierro
dándonos su bendición

Gora San Fermín


Tradicional é também a chamada "Vacalhada" onde "vacas" e alguns "cabrestos" (Touros capados) desfilam a protestar contra a arte tauromáquica. Enfim "Vacas" da geração Hambúrger, cheias de hormonas e que nunca foram "badarilhadas" no sítio certo.


imagens picadas Aqui

Burro velho não aprende línguas

[…]muita gente da tribo político-cultural da direita chegou bem mais depressa à democracia prática que muitos proclamados democratas da democracia vanguardista que pensam que o antifascismo de há mais de vinte e cinco anos tem de ser superior à livre manifestação da vontade popular através do efectivo sufrágio universal,[…]

Os democratas da democracia pluralista não precisam de pedir certificados de democrata a certos antifascistas de antanho que, depois da democracia restaurada, tentaram impor um novo totalitarismo […]

Confundir defensores da democracia com simples antifascistas, pode ser confundir o trigo da seara democrática com muito joio de má memória […]

Adelino Maltez escreve sempre sábias e acertadas palavras. Os excertos acima transcritos referem-se a um indivíduo que diz não aceitar lições de democracia de ninguém.

Alberto Martins esconde-se por detrás de um mito, o mito do “peço a palavra” quando interrompeu o discurso de Américo Tomás na inauguração do edifício das Matemáticas em Coimbra. O mito da greve académica de 1969 onde os estudantes se ergueram contra a “ditadura fascista”.

O que Alberto Martins gosta de escamotear é o facto de para a greve ser efectiva necessitou de organizar piquetes que impediam qualquer aluno que não aderiu de se aproximar da Universidade, recorrendo ao murro e pontapé, aos alunos e à rapadela de cabelo às alunas.

Alberto Martins em 1969 acreditava naquilo que ainda hoje acredita, “Viva a Democracia, mas ai daquele que discorde de mim”.

Existe ainda um acontecimento que Alberto Martins não gosta de recordar. A famosa audiência que Américo Tomás concedeu à Associação Académica e onde Alberto Martins e os outros membros se prostraram em vénias de absoluta submissão, numa atitude que até embaraçou Américo Tomás de tão pouco usual que era.

Eu concordo plenamente com Alberto Martins, pois já diz o velho ditado “Burro velho, não aprende línguas” e ele já é suficientemente “velho” para não aprender a linguagem da democracia.

8 de julho de 2007

A caminho do trabalho

Hoje abre a Ponte da Lezíria, entre Benavente e o Carregado. Graças a esta ponte o meu trajecto para o emprego passa de 40 para 15 minutos. Um enorme ganho em tempo, mas deixarei de ver de perto os

Campos de Girassóis

Estradas bordejadas por chorões

Canais

Cavalos
A partir de amanhã apenas a paisagem normalizada de uma auto-estrada.

6 de julho de 2007

Respeitinho

Burocracias (Caso Real)

A empresa onde trabalho mudou de denominação social e NIF. Por este motivo houve a necessidade de tratar de averbamentos.

O caso que vou contar passou-se com uma espécie de Alvará, chamemos-lhe assim, um Português e um alemão.

Para averbar o Alvará Português tive de:

  1. Contactar o meu gestor de Cliente;
  2. Enviar a resposta a um questionário de 16 páginas;
  3. Enviar a acta de constituição da empresa, devidamente autenticada em notário;
  4. Passados cerca de 15 dias, recebi o novo Alvará.

Para o Alvará Alemão tive de:
  1. Enviar um correio electrónico onde indicava a alteração de denominação, novo NIF e novo Logotipo;
  2. Telefonema para a gestora de Cliente a perguntar se tinha dúvidas;
  3. Alvará recebido via electrónica, 24 horas mais tarde;
Palavras para quê?

3 de julho de 2007

O Monolito da Justiça

Segunda-Feira desloquei-me ao Palácio de Justiça de Lisboa para ser ouvido como testemunha de António Caldeira. O Palácio da Justiça é aquele monolito marmóreo de cor cinzenta, plantado no topo do parque Eduardo VII. Por dentro o ambiente consegue ser pior.

Lá vemos uma profusão de mármores escuros intercalados com painéis de azulejos muito "sixties", que mais tarde fizeram as delicias dos emigrantes nas paredes exteriores das suas casas "Tipo Maison".

O ambiente é lúgrebe, corredores enormes e vazios onde cabem viaturas e só pode potenciar o estado de depressão de quem lá entra.

As cores do edifício estão no entanto muito adequadas aos funcionários que aí trabalham que são de um cinzentismo confrangedor, fuzilando com o olhar os utentes que a eles se dirigem, aumentando ainda mais o seu estado depressivo.

A crise da justiça, porém, não mora ali. Ao acreditar nas notícias que falam dos milhares de processos em atraso, sobretudo nos cíveis, esperava encontrar o palácio cheio de litigantes para os processos a decorrerem nos seus 5 juízos e 16 varas. Encontrei um edifício vazio. O Palácio estava vazio, quase ao abandono. O caso de António Caldeira era o único, num piso que oficialmente tem 4 varas a funcionar.

NOTA: Atendendo aos acontecimentos recentes de Vieira do Minho, aconselho o responsável máximo pelo Palácio de Justiça a mandar pintar as portas das retretes, não vá o seu posto ser de "confiança politica".