Pinto da Costa, presidente de um Clube de Futebol, na realidade tem uma grande fustração. Apenas desejaria ter sido declamador!
Desde há alguns anos a esta parte, que sempre que se realiza um, jantar, uma recepção que Jorge Nuno, delicia os convidados com a sua "arte de declamar".
A assistência , geralmente composta por gente do meio futebolístico, traficantes de carne branca e de quando em vez, agentes culturais da cidade do Porto, necessitados de promoção para as suas últimas obras. Todos aplaudem com entusiasmo os versos declamados por tão ilustre "diseur". Aplaudem frenéticamente, mesmo quando por dentro já vomitam a décima milionésima declamação de "O Cântico Negro" de José Régio, o único poema que tão grande declamador conseguiu decorar.
Para que tão ilustres aplaudidores sofram menos, recomendo ao "Diseur" Pinto da Costa, que faça um esforço e decore outro poema. Por exemplo poderia decorar este poema de Júlio Dinis da "Morgadinha dos Canaviais", é bonito e é perfeitamente actual.
Atirei com bolas de oiro
à janela do morgado.
Acertei na morgadinha.
Ai Jesus! Estou desgraçado!
Ai Jesus! Estou desgraçado!
Ai Jesus vou p’rá cadeia!
Acertei na morgadinha
que estava a fazer meia.
Que estava a fazer meia
que estava no seu balcão.
Acertei na morgadinha
foi mesmo no coração.
Foi mesmo no coração
onde havia de acertar!
Agora vou p’rá cadeia
ninguém me pode salvar.
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