31 de julho de 2005

Correia de Oliveira - Sempre presente

Fez ontem 126 anos que nasceu um dos maiores homens de letras do século XX português, refiro-me ao grande Poeta António Correia de Oliveira, primeiro Português a ser nomeado para um Prémio Nobel e a própria concorrente vencedora, Gabriela Mistral, declarou publicamente, no acto solene, que não merecia o prémio, estando presente o autor do “Verbo Ser e Verbo Amar”.
Correia de Oliveira nasceu em São Pedro do Sul e faleceu em Esposende. Estudou no seminário de Viseu, indo depois para Lisboa onde trabalhou como jornalista no Diário Ilustrado. Tendo casado com uma rica proprietária minhota, fixa-se na aldeia de Belinho, concelho de Esposende.
Grande poeta neogarrettista, foi um dos cantores do Saudosismo, juntamente com Teixeira de Pascoaes e outros. Ligado aos movimentos culturais do Integralismo Lusitano e da revista Águia, Atlântida, Ave Azul e Seara Nova. A sua obra situa-se numa numa linha de tradicionalismo líricode forte raíz e seiva popular.
Os seus poemas por serem tão populares foram escolhidos para os livros de leitura da Escola Primária, o que lhe valeu, após o 25 de Abril, ser riscado da história oficial da literatura Portuguesa, pela nomenklatura esquerdista, conjuntamente com Afonso Lopes Vieira, António Manuel Couto Viana e Rodrigo Emílio.
Obras poéticas: Ladainha (1897), Eiradas (1899), Cantigas (1902), Raiz (1903), Ara (1904), Tentações de S. Frei Gil (1907), Elogio dos Sentidos (1908), Alma Religiosa (1910), Dizeres do Povo (1911), Romarias (1912), A Criação. Vida e História da Árvore (1913), A Minha Terra (1915-1917), Na Hora Incerta (Viriato Lusitano) (1920), Verbo Ser e Verbo Amar (1926), Mare Nostrum (1939), História Pequenina de Portugal Gigante (1940), Aljubarrota ao Luar (1944), Saudade Nossa (1944), Redondilhas (1948), Azinheira em Flor (1954).
è necessário relembrar que Correia de Oliveira tinha por nome próprio António e não Adriano. Foi poeta e não um barbudo que dedilhava meia dúzia de acordes numa guitarra.
O perfume
O que sou eu? – O Perfume,
Dizem os homens. – Serei.
Mas o que sou nem eu sei...
Sou uma sombra de lume!

Rasgo a aragem como um gume
De espada: Subi. Voei.
Onde passava, deixei
A essência que me resume.

Liberdade, eu me cativo:
Numa renda, um nada, eu vivo
Vida de Sonho e Verdade!

Passam os dias, e em vão!
– Eu sou a Recordação;
Sou mais, ainda: a Saudade

Duplos Parabéns

Ao Sexo dos Anjos que hoje completa o seu segundo aniversário e ao Nova Frente, que os fez no passado dia 28 envio os meus parabéns a estes dois bloggers duplamente direitistas, pois para além de ser de direita são às direitas.
Bem hajam Manuel Azinhal e Bruno Santos, que assim continuem

As "fraquezas vivas" da Cidade do Porto

Uma ala que ameaçava ruína do Mercado do Bolhão encerrou subitamente na passada semana. Uma reportagem no suplemento local do Público mostrava alguns sinais que provam que a ruína pode ser iminente. O seu encerramento poderá parecer a quem não seguiu o processo que a câmara do Porto adoptou uma atitude brusca e pouco educada para os lojistas afectados. Tal não é verdade, havia mais de quinze dias que se procurava encontrar uma solução, atrasada por meras questões de lana caprina.

Imediatamente as auto-denominadas “forças vivas” da cidade do Porto se juntaram ao protesto dos lojistas e acotovelaram-se para aparecerem nas reportagens televisivas. Estavam lá todos os candidatos anti Rui Rio, o cantor Abrunhosa, que felizmente se esqueceu das algemas em casa e o inenarrável Prof. Bitaites, tudo personagens sinistras que provavelmente gastaram menos euros em compras no Mercado do Bolhão, que o casal Castelo-Branco nas suas duas únicas visitas ao popular mercado portuense.

O mercado do Bolhão é um ex-libris do Porto, ali se encontra o último folgo da verdadeiramente genuína atmosfera tripeira, mas tal não invalida que este mercado esteja a sofrer das mesmas mazelas que sofreram outros mercados, atacados pela concorrência desenfreada dos Hipers e pela desertificação dos centros urbanos. A solução para o Bolhão passa pelo seu urgente restauro e diminuição da área afecta às transacções comerciais, enquanto que a área a ser libertada poderá ser afectada a outras actividades tais como eventos culturais, restaurantes, feiras do livro permanentes etc.
O exemplo a seguir seria o do mercado da ribeira em Lisboa, cuja área comercial está reduzida a um quarto da original, enquanto a restante área está afecta a outras actividades que levam até ele uma multidão de pessoas que muito provavelmente nunca o teria frequentado antes. Os bailaricos populares que lá se realizam ao fim de semana estão sempre cheios, bem como a feira do livro permanente e demais eventos periódicos.
O Porto seria uma cidade diferente, para melhor, se as suas “forças vivas”, procurassem fazer alguma coisa pela cidade que tanto dizem amar e procurassem soluções, ao invés de apenas se “mexerem”, quando alguma desgraça interrompe a sua amena pasmaceira.

Lágrimas de Crocodilo

O "Comércio do Porto" encerrou as suas Portas, após 151 anos de bons serviços, não conseguindo dar a volta a 30 anos de decadência progressiva, esquecido e votado ao ostracismo pelas auto-denominadas “forças vivas” da cidade do Porto, que preferiram as notícias sensacionais do Jornal de Noticias, que anunciava ser avisado dos crimes antes da própria policia.
O Seu desaparecimento é uma pena, não tanto pelo que foi nos últimos anos, mas por ter sido uma das maiores escolas do Jornalismo de Portugal, onde a maioria dos jornalistas que conheço teve a oportunidade de escrever as suas primeiras linhas.

Na passada semana, as “forças vivas” lembraram-se subitamente da sua existência a fizeram o seguinte apelo: “Na sexta-feira vamos todos comprar o Comércio para evitar que feche!
Lágrimas de crocodilo este PATÈTICO apelo de tão patéticas e inúteis personagens.

HUMILDE PEDIDO!

PODE O GOVERNO SFF, COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA, PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?

SE POR ACASO HOUVER UM ESTUDO QUE JUSTIFIQUE A CONSTRUÇÃO DA LINHA TGV, ENTRE LISBOA E O PORTO, PARA QUE NÓS DEMOREMOS MENOS MEIA-HORA DE VIAGEM, PAGANDO UM BILHETE TRÊS VEZES SUPERIOR, TAMBÉM GOSTARIA DE O CONSULTAR!
isto para já não falar na terceira ponte sobre o tejo, mas este fica para mais tarde, pois já estou chateado!

Residência Geriátrica de Belém

A residência Geriátrica de Belém vem anunciar aos interessados que abrirá duas vagas em Janeiro de 2006.
À elevada qualidade dos serviços prestados, acrescentamos que os nossos residentes podem realizar, completamente livres de encargos, as viagens que entendam acompanhados pela família e amigos.
Outro dos aspectos que ressalvamos é o luxo das nossas instalações.


Um aspecto da recepção

A Sala de estar

Condições mínimas de Candidatura: Ter mais de 35 anos, saber ler, escrever e contar*

* - Damos preferência a licenciados

24 de julho de 2005

Onde estão os Canadairs?

Em 2003 e 2004, durante a época de incêndios, estamos bem lembrados dos ataques que foram feitos aos governos de então pela oposição socialista e sobretudo pelos jornalistas dos diversos meios de comunicação nacionais.
Nesses anos, apesar de caros havia algumas dezenas de hidroaviões canadair a combater os incêndios.
Hoje, tal como nos anos anteriores, os incêndios grassam pelo país incontroláveis.
Hoje, tal como nos anos anteriores, os bombeiros fazem o que podem, com os meios inadequados que possuem.
Hoje, tal como nos anos anteriores, vemos a gente simples em desespero ao ver as suas casas e toda a sua vida em cinzas.
Mas....
Hoje, ao contrário dos anos anteriores, não vemos os hidroaviões Canadair a sobrevoar os céus de Portugal.
Hoje, ao contrário de anos anteriores, não vemos equipas de sapadores florestais chilenos a actuar. Nem tampouco sapadores florestais Portugueses, que já deveriam existir.
Hoje ao contrário de anos anteriores, os jornalistas nacionais, não se escandalizam com a desorganização governamental existente, que tal como nos anos anteriores se limita a esperar pelo fim do Verão, completamente indiferentes ao sofrimento da gente simples que ainda acredita que um governo existe para os proteger.
Mais uma vez se prova que a classe jornalistica trata com pézinhos de lã o PS e todos os seus governos.

21 de julho de 2005

Santinho



Na televisão não se pode ver, mas eu divulgo em primeira mão, o que apareceu sobre a cabeça de Jorge Coelho quando ele falou sobre Campos e Cunha, na última quadratura do circulo

20 de julho de 2005

Lugares de Culto - O Dr. Sousa Martins

Uma das maiores crenças populares de Lisboa é o culto ao Dr. Sousa Martins.

José Tomás de Sousa Martins nasceu em Alhandra, a 7 de Março de 1843. Tira primeiro, o curso de farmácia e só depois de medicina e, em poucos anos, torna-se um dos médicos e cientista mais prestigiados do país, desfrutava de projecção internacional pelo estudo da tuberculose e das doenças nervosas. A luta contra a tuberculose fazia-o expor-se à doença, nos contactos diários e directos com os doentes terminais. Detinha-se junto deles, a amenizar-lhes o medo. Muitos morreram de mãos entre as suas, alguns viram-lhe auras estranhas sobre os cabelos. Aos seus alunos dizia: «quando entrardes de noite num hospital e ouvirdes algum doente gemer, aproximai-vos do seu leito, vede o que precisa o pobre enfermo e, se não tiverdes mais nada para lhe dar, dai-lhe um sorriso».
Contraiu a tuberculose e na madrugada de 18 de Agosto de 1897, o Dr. Sousa Martins, sem qualquer vontade de assistir à sua derrota perante a doença que sempre combateu, suicida-se. Antes de morrer escrevera: «a tuberculose, antes de arrancar a vida ao homem, faz dela um longo martírio, e do mártir um inválido».
Confidenciara ainda a um amigo que «um médico ameaçado de morte por duas doenças, ambas fatais (tuberculose e lesões cardíacas), deve eliminar-se por si mesmo».
Para a sua fama como médico o facto de atender doentes pobres sem lhes exigir qualquer encargo deu a Sousa Martins a aura de santo ainda mesmo em vida, Tendo essa aura aumentado ainda mais devido às circunstâncias trágicas da sua morte.

Este culto possui três locais de expressão da sua fé.
O Cemitério de Alhandra, onde se encontra o seu jazigo e onde duas vezes por ano, a 7 de Março e a 18 de Agosto, milhares de devotos visita e rezam sobre o seu túmulo.
A Estátua de Sousa Martins em Alhandra.
A Estátua de Sousa Martins no Campo de Santana, em frente à faculdade de medicina. Na base da coluna, aglomeram-se milhares de placas de mármore, uma por cada graça (milagre) concedida.

A primeira vez que visitei este local, a estátua ocupava o centro de uma rotunda. Rotunda essa então plenamente ocupada pelas placas e por centena de velas acesas. Hoje em dia e após obras de requalificação a estátua está integrada na placa pedonal do campo de Santana. Existem zonas próprias para se acenderem e queimarem velas e espaço adequado aos vendedores de bonequinhos e bustos do Dr.
Mas não há bela sem senão, e alguém completamente desprovido de bom senso arrumou as milhares de placas à pázada, numa brincadeira de mau gosto, apresentando o monte caótico que pode ser visto nas fotografias.

Eu não acredito nas capacidade milagrosas do Dr. Sousa Martins, e ele, se fosse vivo muito menos, mas o monte caótico em que as placas se encontram, para além de me chocar, revela uma grande falta de sensibilidade e desrespeito enorme, pela fé da gente simples que em nele acredita e que a ele recorreu para minorar o sofrimento, que um dia lhes bateu à porta.

É uma situação que as autoridades municipais de Lisboa deveriam rapidamente corrigir.


O Dr. Sousa Martins na Internet
Museu Sousa Martins
http://sousamartins.site.voila.fr/
http://www.cunhasimoes.net/cp/montra/Sousa_Martins.htm

Cartas Portuguesas

Actualizado o Blog "Cartas Portuguesas", com uma carta e a biografia do seu autor, Alfredo Sá Cardoso.

19 de julho de 2005

Locais de Fé - Nossa Senhora de Aires

Á primeira vista, a Igreja de Nossa Senhora de Aires (a 5 Km de Viana do Alentejo), parece uma versão reduzida da Basílica da Estrela. Como a sua construção teve início em 1744, 32 anos antes da Basílica da Estrela, podíamos ser levados a pensar que esta igreja serviu de modelo à irmã maior de Lisboa. No entanto foi esta última que influenciou a sua traça final.

A Igreja de N. Srª de Aires foi consagrada em 1760, mas só em 1790 foi iniciada a construção da frontaria e das duas torres sineiras, sendo a igreja novamente consagrada em 1804.
A imagem venerada de N. Srª de Aires é uma pietá em pedra de Ançã do Século XV.
Por si só, a Igreja de Nossa Srª de Aires é motivo para um desvio no caminho. Mas esconde, na sua sacristia um tesouro composto pelas oferendas dos peregrinos, com particular destaque para os Ex-Votos.

Os ex-votos representavam graficamente o agradecimento pela graça concedida, e geralmente representavam o motivo pelo qual, ela tinha sido pedida.
Nos ex-votos expostos, todos do Século XIX, a grande maioria referem-se a curas milagrosas.

ou ao restabelecimento milagroso após acidentes, normalmente fatais.


Os ex-votos são bastante similares, o que me leva a pensar que existiria um ou dois pintores a quem os peregrinos encomendariam os trabalhos.

Os ex-votos, como pinturas realizadas por artistas auto-didactas foram o antepassado do que hoje é conhecido por pintura “Naíve”, termo que o politicamente correcto denomina com “Primitivo Moderno”!!!!!

No início do Século XX, a vulgarização da fotografia liquida por completo com esta forma de arte popular religiosa. Desde então as fotografias dominam completamente o universo das oferendas, com particular destaque para as promessas feitas durante a guerra colonial,

a agradecer o ileso retorno

ou a sobrevivência a encontros perigosos inesperados

cobrindo completamente as paredes do transepto e da sacristia.

A Nossa Senhora d'Aires,
está metida num deserto;
em chegando a mocidade,
ai! me parece um céu aberto.

Me parece um céu aberto
com toda a sua gentinha.
Fui solteira, vim casada,
ai! foi milagre da Santinha.

"Subsidi pel Cançoner del Baixo Alentejo"

NOTA: poderão ler mais sobre a basilica de Nossa Senhora de Aires no "Essencial sobre Arquitectura Barroca Portuguesa" de Paulo Varela Gomes e sobretudo no "Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora" de Túlio Espanca, Lisboa, 1978

14 de julho de 2005

Sente-se impotente perante a conjuntura?

Sempre pode atirar um tomate (Clique na figura para aceder à página)

El Puntillero


Ontem, quando centenas de pessoas se reuniram nos jardins da Fundação Gulbenkian para protestar contra o anunciado fim do Ballet Gulbenkian, Jorge Sampaio realizou uma visita às instalações.
Logo após a visista de Sampaio,
Rui Vilar, presidente da Fundação, anunciou que a decisão de dissolver o Ballet era "Irreversível".
De Sampaio apenas se sabe que entrou mudo e saiu calado.

Já diz o ditado "Quem Cala, Consente"

Triste faena esta do "Matador" Rui Vilar que, ao não conseguir matar com uma só estocada inteira, teve de recorrer aos serviços silenciosos do "Puntillero" Sampaio

UE à escuta

Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, e os canalhas dos fundamentalistas islâmicos vão nos obrigar a alterar profundamente a nossa semântica.

Assim este mail perfeitamente inocente, escrito ontem
Caros Srs.
Hoje quando me deslocava na minha viatura ocorreu uma explosão que provocou a destruição do motor, nomeadamente das bombas nele presentes
terá que ser escrito da seguinte maneira para que o SAS e o GOE não nos entre pela nossa casa dentro sem serem convidados

Caros Srs.
Hoje quando me deslocava na minha viatura, ocorreu uma libertação espontânea e nada pacifica de gases, que provocou danos avultados em vários componentes do motor, nomeadamente nos dispositivos de sucção nele presentes.
NOTA: Uma explosão é uma libertação espontânea e violenta de gases, mas como "violenta" pode ser uma palavra sob vigilância, aconselho a suua substituição pelo oposto - "nada pacifica".
Mas isto tudo é por uma boa causa, e quem não deve não teme.

13 de julho de 2005

Srebrenica, 10 anos depois

Estranhei o silêncio que se abateu sobre a blogoesfera lusa relativamente ao décimo aniversário do massacre de milhares de civis inocentes em Srebrenica há 10 anos atrás. O maior massacre ocorrido na Europa dede a segunda guerra mundial.
Tendo em conta o permanente estado de vigilância que certos blogues têm em relação à tosse e ao catarro de George Bush, chegando ao ponto de elaborar ridículas teorias da conspiração sobre os atentados de Londres, que mais parecem clones de má qualidade da Diana Andringa, o silêncio verificado é ainda mais estranho.
Eu não quero pensar que o silêncio se ficou a dever ao facto de no caso da guerra da Jugoslávia, estes blogues acharem que Karadzic, Mladiç e os seus algozes sérvios serem vitimas da opressão norte-americana exercida através de 6 mil bósnios muçulmanos, mulheres e crianças na sua grande maioria, mas felizmente houve excepções, poucas é verdade. Apenas um punhado de blogues, todos eles, com excepção do Terras do Nunca, de pequena dimensão no que se refere ao número de visitas, relembrou essa página negra da história recente da Europa.

É certo que na implosão da Jugoslávia ninguém tinha 100% de razão, mas não há justificação possível para o assassinato puro e simples de civis desarmados e muito menos para o comportamento cobarde e omisso de quem, no terreno, tinha o dever e a responsabilidade de garantir a segurança da população civil.

Na Jugoslávia foi em Srebrenica, foi em Mostar, foi em Sarajevo, foi em Krajina, foi em Kosovo, foi … em DEMASIA

12 de julho de 2005

Wide Open Space

Até ir a Marrocos, a minha visão de um Wide Open Space era a paisagem alentejana vista do alto de Évora Monte. No deserto do Sahara essa visão altera-se radicalmente. Quando se ultrapassa a última cordilheira do Atlas e se entra no vale do Draa, a imensidão sem fim do Sahara abre-se perante os nossos olhos.

Clique na imagem para aumentar

O Deserto nunca é como o imaginamos, é necessário estar lá para se aperceber que não se trata de uma praia grande, aliás em Marrocos as dunas de areia estão praticamente ausentes.
O que se vê, é uma planície cinzenta acastanhada num interminável caos de pedras de vários tamanhos. Ao longe, lá muito longe, encostadas ao planalto da Hamada do Draa, um pequeno cordão de dunas, com alguns quilómetros de largura, possivelmente para lá arrastadas pelos ventos dominantes.

Para os outros lados apenas pedras, pedras e mais pedras, tudo numa plena monocromia castanha.

apenas entrecortada aqui e ali, por zonas de pedra cinzenta clara, sinal indicativo de uma fugaz torrente de água proveniente do degelo das terras altas da cordilheira do Atlas, que por um breve mês inundam o vale, fazendo-o florescer brevemente antes que o sol voltar a torrar tudo.

Não fora as espinhosas acácias e as poucas ervas e arbustos, e não ficaria surpreendido de encontrar o Mars Observer e o seu pequeno Rover deambulando lentamente no meio deste mar de pedras.
No deserto tudo é diferente, tudo é novidade, até o calor é diferente, 46º à sombra são relativamente suportáveis e nota-se a estranha ausência do suor, rapidamente evaporado pelo ar.

Muito esparsamente encontra-se um oásis, onde se encontra a única mancha de cor em quilómetros de vazio castanho.

Clique na imagem para aumentar

11 de julho de 2005

Cartas Portuguesas

Actualizado o Blog "Cartas Portuguesas", com uma carta e um panfleto relativos à luta de Caciques no Alto-Minho, em Arcos de Valdevez mais propriamente.

Utilidades completamente inúteis

Descobri por acaso um catálogo de "utilidades". No meio objectos úteis, como almofadas para a praia, termos para manter garrafas frias, frigorificos portáteis,encontrei estas verdadeiras pérolas da inutilidade, que me provocaram um riso incontrolável durante alguns minutos.

Estou bastante indeciso sobre qual destas "utilidades" é a mais inútil, se as "Mãozinhas Mata-Moscas" ou o "Porquinho guardião da dieta", que faz Oink Oink sempre que abrimos a porta do frigorifico.

Estes utilíssimos produtos são comercializados pela dmail, que anuncia na sua página ser "O primeiro catálogo português dedicado a quem gosta de plantas e do estilo decorativo "country", a quem vive no campo e a quem quer trazer um pouco de verde para dentro da sua casa na cidade!"

7 de julho de 2005

O Discurso do Monstro

Via Rua da Judiaria, reproduzo a entrevista que o representante máximo da Al-Qaeda em Londres, o sheih Omar Bakri Mohammed deu ao Jornalista do Público, Paulo Moura, e publicada em 18 de Abril de 2004.
É absolutamente necessário difundir estas palavras, para derrotar a ofensiva a favor da Al-qaeda, em curso no nosso país, liderada por um Bastardo, e chamo-o de Bastardo para não ter de chamar Filho da p_ _ _, que continua convencido que isto se deve à pobreza e que a responsabilidade é de George Bush.

PÚBLICA: Acha que vai ocorrer algum grande atentado em Londres?
Omar Bakri Mohammed: É inevitável. Porque estão a ser preparados vários, por vários grupos.(…)

P: Como sabemos que um atentado é realmente da Al-Qaeda?
R: É fácil. Em primeiro lugar são sempre operações em grande escala. O texto divino é claro quanto à necessidade de provocar “o máximo dano possível". O operacional tem portanto de certificar-se de que mata o maior número de pessoas que pode matar. Se não o fizer, espera-o o fogo do Inferno. Em segundo lugar, a Al-Qaeda deixa sempre uma impressão digital: uma pista, como um carro com um Corão ou uma cassete, para ser encontrado pela Polícia. Terceiro, os ataques são feitos em dois ou três lugares ao mesmo tempo. Finalmente, a linguagem. Nos comunicados, basta ler uma frase para se reconhecer o seu rigor teórico: não há nenhum sinal de nacionalismo, não se dizem árabes, nem palestinianos, apenas muçulmanos. Falam sempre do martírio, da morte.(…)

P: Mas o que pode justificar matar deliberadamente milhares de civis inocentes?
R: Nós não fazemos a distinção entre civis e não civis, inocentes e não inocentes. Apenas entre muçulmanos e descrentes. E a vida de um descrente não tem qualquer valor. Não tem santidade.

P: Mas havia muçulmanos entre as vítimas.
R: Isso está previsto. Segundo o Islão, os muçulmanos que morrerem num ataque serão aceites imediatamente no paraíso como mártires. Quanto aos outros, o problema é deles. Deus mandou-lhes mensagens, os muçulmanos levaram-lhes mensagens, eles não acreditaram. Deus disse: “Quando os descrentes estão vivos, guia-os, persuade-os, faz o teu melhor. Mas quando morrem, não tenhas pena deles, nem que seja o teu pai ou mãe, porque o fogo do Inferno é o único lugar para eles".(…)

P: O Corão diz isso?
R: Sim. As pessoas não percebem, porque a televisão e os jornais só entrevistam os seculares. Não falam com quem sabe. Os seculares dizem que “o Islão é a religião do amor". É verdade. Mas o Islão também é a religião da guerra. Da paz, mas também do terrorismo. Maomé disse: “eu sou o profeta da misericórdia". Mas também disse: “Eu sou o profeta do massacre". A palavra “terrorismo” não é nova entre os muçulmanos. Maomé disse mais: “Eu sou o profeta que ri quando mata o seu inimigo". Não é portanto apenas uma questão de matar. É rir quando se está a matar.

P: Isso quer dizer que o terrorismo é natural e legítimo?
R: Só é legítimo o terrorismo divino.(…)

P: O que pretende a Al-Qaeda?
R: O terror. Estão empenhados numa jihad defensiva, contra os que atacaram o Islão. E a longo prazo querem restabelecer o estado islâmico, o califado. E converter o mundo inteiro.(…)

P: Os EUA podem negociar com a Al-Qaeda?
R: A Al-Qaeda é por natureza uma entidade invisível, não é um Estado, por isso não pode dialogar com um Estado. O seu projecto é derrubar os governos corruptos dos países muçulmanos, substitui-los por governos islâmicos e reconstituir o califado. Nessa altura, como Estado, poderão negociar com os EUA, de igual para igual. Primeiro, tentarão um pacto de segurança com eles. Dirão: nós fornecemos o petróleo e viveremos em paz, mas na condição de podermos divulgar livremente o Islão no Ocidente. Se os americanos não permitirem isto, então o califado terá de lhes declarar guerra.(…)

Mais cartas Portuguesas

Actualizadas o "Cartas Portuguesas", com uma breve missiva de Adriano Pimenta, onde ele escreve umas observações perspicazes sobre o carácter político de Brito Camacho.

A fio de espada


Não vou dizer qualquer palavra sobre os atentados de ontem pois qualquer palavra que escreva será sempre escassa.

A solução para o problema do fundamentalismo Islâmico está nos livros da nossa história. Não há outra.
Portugal, conjuntamente com a Espanha, está localizado na única região do mundo que foi libertada das garras de Mafoma, por isso vamos, mais cedo ou mais tarde, ser objecto de um ataque. O principal problema, não será os mortos que este atentado irá provocar, o principal problema é que Portugal não possui uma liderança capaz de os honrar.
Diálogo, compreensão, multiculturalismo? Mas estão à espera que esses pequenos Hitlers de babuchas e turbante entendam isso?
A solução está nos nossos livros de história, não foi com falinhas mansas que atiramos a moirama ao mar, foi a fio de espada. Hoje em dia esta canalha não entende outra linguagem.
É preciso exterminá-los!


A imagem representa o Brasão da Ilustre família MATAMOUROS

6 de julho de 2005

Pedido de Informação

Qual é o "Prazo de Validade" de uma promessa política?

Apontamento sobre a globalização

O comentário do Velho da Montanha sobre o proteccionismo agrícola, suscitou-me uma reflexão interessante sobre certas incongruências no G8 e nos grupos de selvagens que o contesta.
O G8, tem sido apontado pelos seus detractores como o grupo das nações responsáveis pelos males que o mundo padece devido à suposta politica maléfica da “Globalização”. Curiosamente a miséria que o mundo vive é provocada, no que diz respeito a África e América Latina, à falta de Globalização e livre comércio de produtos agricolas.
Vários países do G8 têm tentado criar um mercado livre mundial de produtos agrícolas, essas tentativas têm sido sucessivamente travadas pelos Estados Unidos, França e Alemanha, devido ao primeiro ser sensível ao “loby” dos produtores de Algodão (Cultura fortemente subsidiada nos EUA) e aos restantes, por terem toda a sua agricultura principescamente paga pelos fundos comunitários. Estes subsídios, conjuntamente com os direitos alfandegários europeus, fazem com que os produtos agrícolas Africanos e Latino Americanos, cerca de 3 vezes mais baratos que os europeus, fiquem a ser mais caros quando entram em solo europeu. Por este motivo a exportação de produtos agrícolas entre Africa, América Latina e a Europa é quase insignificante. Este postulado é valido apenas para os produtos produzidos pela França e Alemanha, pois a Banana da Madeira, por exemplo, tem de competir com a banana americana em regime de livre concorrência. Se a França produzisse bananas, outro galo cantaria, e a banana madeirense seria fortemente subsidiada, para além de as concorrentes americanas serem oneradas com pesadas taxas aduaneiras.
Curiosamente, esta não decisão do G8, beneficia e de que maneira, os agricultores Franceses, que mesmo assim se manifestam ruidosa e violentamente sempre que este grupo de nações se reúne.

Uma globalização na agricultura seria a maneira mais rápida de diminuir os níveis de pobreza no terceiro mundo. E esta medida teria ainda uma outra vantagem pois poucos meses depois de ser tomada, o mundo teria o prazer de ver trogloditas como Joseph Bové, agricultor francês especializado em demolição de restaurantes MacDonalds, cuja banha é composta pela miséria das populações agrícolas de Africa e América Latina, na indigência e a passar fome

5 de julho de 2005

Live Eigth – Indulgências do Século XXI

Há 20 anos atrás o mundo uniu-se no concerto Live Aid, organizado pelo cantor Bob Geldof, que ficou horrorizado com as imagens da fome que então grassava na Etiópia. Este duplo concerto (Inglaterra e Estados Unidos) ficou marcado pelas duas músicas que foram escritas na ocasião. O evento foi bastante interessante, pois a Polítiquisse esteve totalmente ausente.
No entanto, não há fome que não dê em fartura, e o êxito do Live Aid virou moda, País que não arranjasse uns “pretitos” com fome, não era país de jeito. A França fez uma canção para o Haiti e para a sua Africa, Portugal adoptou os famintos Moçambicanos e a Espanha, teve um pouco mais de trabalho, à falta de uns “Hermanos hambrientos de Africa”, não se fez rogada e saiu uma canção para a América Latina, pois lá parece que também se morria de fome. Ao fim de um ano, caiu tudo no esquecimento ocidental, para desespero dos famintos que continuaram a morrer como até então tinham morrido.
No Sábado passado, realizou-se o Live Eigth, dedicado à luta contra a pobreza, devido ao relativo reduzido número de famintos. Ao contrário de há 20 anos atrás, a mensagem é indubitavelmente política e acusa-se, outra coisa não seria de esperar, os países ricos de serem os únicos responsáveis pela miséria do mundo.
Mengistus, Bokassas, Mobutus, Mugabes, Zédus e outras personagens sinistras, que se aboletaram com o equivalente a 4 planos Marshall, e o dinheiro que restou do Live Aid de 85, deixando os seus países na mais pura indigência, não constam dos livros de História dos organizadores
Matéria-Prima para os concertos havia em excesso, pois há 20 anos atrás os participantes no Live Aid, viram as suas vendas multiplicarem-se exponencialmente, só por lá terem participado, por isso neste ano não houve dois concertos, houve 10, tantos eram os artistas milionários que desejavam comprar as suas indulgências, esperando que Deus não olhe para a sua conta bancária no dia do seu julgamento final. Até artistas que julgávamos já mortos e enterrados apareceram em Palco, rejuvenescidos, só de pensar no relançamento da sua defunta carreira.
O que é triste é que do dinheiro gerado, apenas uma ínfima parte se irá materializar em ajuda efectiva às populações pobres, o resto ficará em “custos de transporte” anormalmente elevados, nos elevados salários auferidos pelos funcionários das ONG’s, nos subornos às autoridades dos Países Africanos, etc e tal.
Mas enfim, destes assuntos ninguém fala e os artistas do Live Eight voltarão a dormir descansados, em paz com os seus milhões, que aumentarão devido à publicidade grátis conseguida e com a certeza que a indulgência recebida lhes abrirá as portas do céu.

4 de julho de 2005

E então Alberto João?

Qual seria a reacção de Alberto João Jardim se Hugo Chávez ou Thabo Mbeki fizessem estas hipotéticas declarações!

Venezuela está sujeta a la concurrencia de los países no latino americanos, los madeirenses están entrando por nuestro país dentro y los países de Europa a hacer concurrencia con Venezuela…
¿Me estas haciendo uña señal por qué coño? ¿Que hay madeirenses aquí? Es mismo bueno que ellos miren que no los quiero por acá” Ha dicho a la prensa el nuestro bien amado e idolatrado Presidente Hugo Chávez.


South Africa his facing the concurrence of non-African countries. The people from Madeira Island are coming into South Africa… Are you making that signal why? Are there any people from Madeira Island over there? Is good that they can see, because I don’t want them hereStated today to the press Mr. Mbeki.

1 de julho de 2005

Salão Erótico – Uma vigarice “Made in Spain”

Ontem desloquei-me, com certa dose de curiosidade, ao tão anunciado Salão Erótico de Lisboa.
Foi tudo uma surpresa, e tudo pela negativa. Em primeiro lugar os 20 € do preço do bilhete (nunca anunciado) em seguida a passagem obrigatória pela zona gay onde os visitantes eram apalpados por uns garanhões vestidos com fardas da PSP. Ao contrário do que costuma suceder nos filmes porno, aqui a caracterização era boa, eles pareciam mesmo Agentes da PSP.
O pavilhão era enorme de mais para tão pouca coisa a mostrar. Logo à entrada encontrava-se um palco, onde um mau entertainer espanhol, guinchava a apresentar umas bimbas espanholas, passe o pleonasmo, que se contorciam todas para tirar apenas o soutien. Elas eram tão boas, que nem conseguiriam actuar num boteco de Matosinhos.
Os stands eram quase todos de sex-shop, oriundas de localidades, como Seixal, Cruz de pau e Baixa da banheira, os produtos eram todos iguais, reparei que os Vibradores eram particularmente admirados pelo publico feminino presente. Para alem dos fálicos aparelhos havia também um bom sortido de bonecas, bonecos e lingerie minimalista.
Os stands que não eram de sex-shop eram de produtoras de filmes, que para além de venderem os seus produtos, aceitavam inscrições para “castings” e um deles tinha uma alegada “estrela”, que com um enorme ar de frete, tirava fotografias com os visitantes que o desejavam.
No fundo de pavilhão havia 4 zonas reservadas, sendo uma “Gay” (sempre vazia), uma de sessões continuas de filmes XXX, uma outra de Sado masoquismo, pelo menos no nome, pois lá dentro não se passava nada. A mais interessante era a quarta, que não tinha nome, mas ao fim de cinco minutos deduzi que era da ASPJS - Associação de Strippers Prejudicadas por José Sócrates. Tudo senhoras com nos seus 40/50, bem avantajadas, obrigadas a prosseguirem a sua carreira devido ao recente aumento da idade da reforma.

Em suma, nada que valesse a pena ser visto, quando numa feira erótica a mulher mais bonita é feita de plástico insuflável, mais vale a pena ir ao lado, à feira do artesanato, e excitar-se com umas esculturas africanas. E ainda por cima é muito mais barato.

Enfim. Uma operação de vigarice bem montada por “nuestros hermanos” que sairão de Portugal com os bolsos bem recheados de euros, sacados com muita publicidade enganosa.
Nota: A menina da foto não está no Salão Erótico